O advogado Nelson Wilians, fundador de um dos maiores escritórios de advocacia do Brasil, movimentou R$ 4,3 bilhões em operações consideradas suspeitas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), entre os anos de 2019 e 2024. As informações constam em Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) enviados à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal no bojo da Operação Sem Desconto, que desbaratou um esquema bilionário de fraudes contra aposentados e pensionistas do INSS.

Apesar de não figurar formalmente como investigado, o nome de Wilians aparece vinculado a pagamentos que somam R$ 15,5 milhões ao empresário Maurício Camisotti, apontado como um dos articuladores centrais da chamada “farra dos descontos”, de cobranças indevidas a milhões de beneficiários do INSS, sem autorização.

Os pagamentos teriam sido realizados tanto por Nelson Wilians em nome pessoal quanto pelo escritório Nelson Wilians Advogados (NWADV). Segundo a defesa do advogado, os valores referem-se à aquisição de um imóvel e foram feitos de forma legal, mediante contrato registrado em cartório. A assessoria nega qualquer ligação entre as transações e a atividade do escritório.

A Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal em abril de 2025, revelou um esquema que teria desviado mais de R$ 6,3 bilhões em valores descontados diretamente da aposentadoria de cidadãos, por meio de associações de fachada.

A investigação já resultou no bloqueio de mais de R$ 1 bilhão em bens, na expedição de mandados de prisão e em buscas em 14 unidades da federação. A Controladoria-Geral da União (CGU) estima que mais de 9 milhões de aposentados possam ter sido lesados ao longo dos últimos cinco anos.

Famoso por exibir uma vida de luxo nas redes sociais, com carros, jatos e imóveis milionários, Nelson Wilians é figura conhecida nos bastidores do poder em Brasília e já foi capa da revista Forbes Brasil, que destacou o alcance nacional de seu escritório.  

Autor(a): BZN