08 ABR 2020
Por video-conferência, a Comissão de Enfrentamento ao Coronavírus da Assembleia Legislativa debateu as ações que estão sendo implementadas no combate à covid-19 no RN.
Participaram os médicos Geraldo Ferreira (presidente do Sindicato dos Médicos) e Fernando Pinto (presidente da Unimed-Natal). O colegiado é formado pelos deputados Kelps Lima (presidente), Francisco do PT, Sandro Pimentel (Psol), Getúlio Rêgo (DEM), Tomba Farias (PSDB) e Dr. Bernardo (Avante) – todos participaram da reunião.
Fernando Pinto alertou:
- Estamos diante da maior crise de saúde pública mundial. Quanto mais tempo se demorar para tomar decisão por isolamento social, pior ficará o cenário. Não podemos menosprezar as informações. Nós precisamos achatar a curva de infectados, prolongando o espaço de tempo para garantir o atendimento a todos no sistema. Se houver postergação de supressão da população poderá ser tarde demais e teremos um cenário que não poderá ser revertido. É preciso se conscientizar do tamanho do problema. Não tem outro caminho no momento, do ponto de vista técnico e médico, a não ser o isolamento social. Precisamos fazer com que as pessoas fiquem em casa. Precisamos levar a uma situação de supressão maior. Se não tomarmos essa decisão, sistema de saúde vai colapsar.
Geraldo Ferreira questionou os números que apontam a quantidade de vítimas no estado até meados de maio, caso o percentual de isolamento continue na estimativa atual – cerca de 42% da população:
- Não se levou em conta que ao se ter metade da população contaminada, há uma imunidade natural da população. Esses estudos precisam ser rebatidos diante de uma realidade. A medida que infectados crescem, a transmissão fica menor porque as pessoas vão ficando imune. Esse crescimento não é geométrico permanentemente. Ela cai após 50% da população ser atingida, porque há imunidade coletiva, de rebanho. Quem tá imunizado protege os demais.
Sobre a possibilidade do sistema de saúde entrar em colapso, disse que isso já existia e que atualmente a situação “está até melhor que antes da pandemia”.
Revelou que leitos estão vazios nos hospitais privados e que já houve pedido de socorro para o Governo do Estado para" utilizar esses leitos porque eles estão em via de demitirem seus funcionários, porque estão vazios”.
E refoçou crítica ao investimento de R$ 37 milhões em um hospital de campanha na Arena das Dunas. Defende que os recursos sejam direcionados à rede públca, com a implantação de leitos de UTIs que já existem mas não estão funcionando, seja por falta de equipamentos ou de profissionais.
Disse:
- Estive em Macaíba, no Hospital. Macaíba vivia lotado. Hoje existem leitos disponíveis. A UTI de Macaíba tem 10 leitos com equipamentos e não foram colocados para funcionar. Precisamos aproveitar este momento para colocar o sistema público para funcionar. Se não voltaremos a mesma situação anterior, as pessoas mendigando uma internação ou vaga na UTI. Todos sabem que a realidade é essa.
Parao deputado Kelps, “erros podem até ocorrer, e é natural que ocorram em um momento assim. Mas é importante a questão da legalidade. O Governo deveria ouvir as pessoas da área para decidir se essa questão do Hospital de Campanha é a melhor alternativa.
Francisco do PT falou que “é melhor prevenir do que remediar. Vidas não têm preço. Seja quantas perdermos, não tem como quantificar. Mas sou consciente que há efeitos dessa situação na vida das pessoas. É preciso achar um ponto de equilíbrio em momento como esse.
Autor(a): Eliana Lima