19 NOV 2024
Várias dúvidas rondam a Operação Contragolpe, deflagrada nesta terça-feira (19) pela Polícia Federal com a prisão do general da reserva Mário Fernandes e mais quatro militares apontados como arquitetos de um plano de golpe de Estado em que matariam o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes (STF).
Se os planos foram arquitetados em 2022 e logo depois foram descobertos, por que só agora uma operação de providências?
E por que os planos não foram executados? Essas perguntas não foram ainda feitas pela chamada imprensa nacional, que tem acesso mais rápido às autoridades.
Relembrando!
No dia 4 de janeiro deste ano de 2024, o ministro Alexandre de Moraes, em entrevista ao jornal O Globo, afirmou que os planos eram prendê-lo e, posteriormente, enforcá-lo na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Detalhou: “Eram três planos. O primeiro previa que as Forças Especiais [do Exército] me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio”. E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição, completou o jornal.
Em continuidade, AM fala em tentativa. Ou seja, sem plano pronto: “Houve uma tentativa de planejamento. Inclusive, e há outro inquérito que investiga isso, com participação da Abin, que monitorava os meus passos para quando houvesse necessidade de realizar essa prisão. Tirando um exagero ou outro, era algo que eu já esperava. Não poderia esperar de golpistas criminosos que não tivessem pretendendo algo nesse sentido. Mantive a tranquilidade. Tenho muito processo para perder tempo com isso. E nada disso ocorreu, então está tudo bem”.
No decorrer da entrevista, o ministro diz ter se chocado com a inação da Polícia Militar do Distrito Federal em conter os vândalos nas sedes dos Poderes. “Afirmo sem medo de errar: não precisaria de cem homens do Batalhão de Choque para dispersar aquilo”. O ministro foi secretário da Segurança Pública de São Paulo durante a gestão do então governador Geraldo Alckmin e, posteriormente, ministro da Justiça de Michel Temer, que o indicou à Suprema Corte após a morte do ministro Teori Zavascki, em 2017.
Ainda na entrevista, ele considerou que a permissão para que eleitores insatisfeitos com o resultados das urnas nas eleições de 2022 acampassem em frente a quartéis do Exército foi um grande erro das autoridades.“O Supremo Tribunal Federal recebeu mais de 1.200 denúncias contra quem estava acampado pedindo golpe militar, tortura e perseguição de adversários políticos. No dia do segundo turno, também tivemos um problema grave com a Polícia Rodoviária Federal, objeto de inquérito, que inclusive gerou a prisão do ex-diretor [Silvinei Vasques]. Houve a greve dos caminhões tentando parar o país. A violência estava numa crescente”.
E concluiu seu raciocínio: “O grande erro doloso foi permitir a entrada [dos golpistas] na Esplanada dos Ministérios. O 8 de janeiro foi o ápice do movimento: a tentativa final de se reverter o resultado legítimo das urnas.”
Autor(a): BZN