Na celebração da Eucaristia de hoje (18), na Basílica do Santuário Nacional de Nossa Senhora da Caridade de El Cobre, o arcebispo Dionísio García Ibañez, presidente da Conferência de Bispos Católicos de Cuba (COCC), diante da Virgem da Caridade, disse que "o povo cubano deseja mudanças" e que a "amorosa mãe acompanhe os bravos que resistem à tirania".

Lamentou a repressão contra as pessoas, especialmente os jovens, em suas tentativas de expressar seus "desejos", informa o jornal Diario de Cuba. Estava acompanhado pelo Pe. Fidel Eugenio Castellanos Pesdamientos, reitor do Santuário, e pelo Pe. Rogelio Dean Puerta, pároco de El Cobre.

Disse

- Hoje viemos, mamãe, pelo nosso país, com humildade, sabendo que não somos perfeitos. Pra te dizer o que queremos. Venho ensinar a vocês, esse povo que sofre porque as coisas que acontecem os machucam. Nestes dias tem havido manifestações de dezenas de milhares de pessoas, principalmente jovens. Você ouve de tudo, mas, acima de tudo, houve uma reclamação, a reclamação que queremos mudanças, a reivindicação de que todos têm o direito de se expressar, que queremos uma vida melhor para todos, de ter esperança”.

Afirmou que os bispos sempre “pediram que cada pessoa seja respeitada, na sua dignidade e direitos, que todos os homens sejam iguais”.

Lembrou

- Na última mensagem pedimos que sejamos irmãos, que não haja violência, que haja mudanças porque são necessárias e que todos sejam respeitados.

Para as autoridades cubanas, que negam em seus discursos a magnitude das manifestações, a repressão e criminalizam os participantes:

- Viemos pedir-lhe, mãe, para que saibamos nos respeitar, para que ninguém se sinta arrogante dos outros, que tenha mais direitos sobre os outros ou que tenha a verdade nas mãos.

Alertou:

- Enquanto não fizermos isso, será difícil alcançar a paz, será difícil nos sentirmos seguros vivendo juntos como irmãos.

O sacerdote defendeu que “Cuba não pertence a um grupo, pertence a todos”.

Acrescentou:

- Nenhuma cidade do mundo pertence a um pequeno grupo. Peço-lhe, mãe, que nos protejamos e respeitemos a vida de cada pessoa.

Considerou que os pobres, falando no sentido de poder, não de riqueza, "têm o direito de falar". Lamentou perante à Mãe Santíssima que "estes desejos de milhares de jovens tenham sido violentamente truncados, talvez reprimindo aquelas manifestações violentas, mas também intimidando todos aqueles que queriam expressar uma vontade.

Suplicou:

- Mãe, cuida do teu povo, dá-lhe ânimo. Pedimos-te por todos os jovens que lá estiveram, pelas suas famílias, pelos guardas e polícias que cumpriam um dever. Pedimos-te por todos aqueles que se envolveram na violência. 

Aos poderosos:

- Pedimos a vocês que este jovem tenha a esperança de construir seu próprio futuro, de constituir família, de não ter que deixar o país. Pedimos a vocês que os jovens que estão na prisão agora, saiam logo para curar suas feridas, para que as suas famílias encontrem a paz, para que haja confiança e esperança. Perdão, misericórdia.

Reiteirou:

- Pedimos a vocês para que ninguém pense em convidar à violência, alegando diferenças irreconciliáveis. Quanto maior a autoridade, maior a responsabilidade, os pais com os filhos, os governantes com os súditos. Nunca grite por violência. os jovens ficam com tranquilidade e se dedicam ao que gostam.

Defendeu mudanças necessárias:

- As mudanças são necessárias porque as pessoas estão sofrendo, e estão sofrendo mais agora porque não ouvem as respostas viáveis ​​de quem tem a responsabilidade de fornecê-las.

Finalizou

- Não podemos viver com medo, não é justo, devemos dar esperança e sinais de mudança, dizer palavras credíveis. Chega de ideologias, a ideologia que conta é a pessoa humana, imagem de Deus, sujeito de direitos e deveres, digna de tudo. respeito. Dá-nos coragem, coragem, misericórdia, um espírito fraterno.

Com informações do Diario de Cuba.

Autor(a): Eliana Lima