O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento nesta terça-feira (10) ao STF, no inquérito que apura suposta trama golpista para impedir a posse do presidente eleito Lula da Silva (PT). O interrogatório foi conduzido pelo relator Alexandre de Moraes, com participação do ministro Luiz Fux e do procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Críticas ao sistema eleitoral e pedido de desculpa

Bolsonaro negou envolvimento em qualquer tentativa de golpe e disse que suas falas sobre fraudes nas urnas eletrônicas eram retóricas, não baseadas em provas. Pediu desculpas a Moraes após ser confrontado com declarações insinuando corrupção de ministros do Supremo. Reforçou que sua defesa do voto impresso visava “alertar”, não desacreditar o sistema eleitoral.

“Minuta do mal” e reuniões com militares

Questionado sobre suposta minuta de decreto para intervir na ordem democrática, Bolsonaro negou qualquer intenção golpista. Admitiu ter se reunido com comandantes das Forças Armadas diante das manifestações de caminhoneiros, mas afirmou que “sempre esteve dentro das quatro linhas da Constituição”. Rejeitou a existência de plano para estado de sítio ou intervenção.

8 de janeiro e defesa de manifestantes

Bolsonaro minimizou os atos do dia 8 de janeiro de 2023, afirmando que não houve armas, liderança clara, nem intenção golpista. Criticou as penas aplicadas pelo STF aos condenados e disse que os acampamentos em frente a quartéis eram espontâneos.

Atritos com o STF e “convite” a Moraes

Durante o depoimento, Bolsonaro voltou a criticar decisões judiciais que, segundo ele, prejudicaram sua campanha. Em tom descontraído, chegou a convidar Moraes para ser seu vice em 2026. O ministro respondeu com um seco: “Declino”.

Defesa pessoal e campanha via Pix

Afirmou que arrecadou cerca de R$ 18 milhões via Pix, “mais que o Criança Esperança”, e disse que esse apoio mostra seu prestígio popular. Justificou o uso da verba como forma de subsistência após deixar a presidência.

Próximos interrogatórios

Além de Bolsonaro, a lista de interpretação dos demais integrantes do chamado “núcleo principal” da investigação são: Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.

Com informações do portal Migalhas.

Autor(a): BZN