O
pesquisador potiguar Manoel Cavalcanti Neto fez uma detalhada nova leitura da famosa carta de Pero Vaz de Caminha, trazendo do português arcaico para o contemporâneo, inclusive verificando pontuação, sobre a descoberta do Brasil.
O resultado ele conta nas páginas da nova edição da Revista BZZZ, que reforça às intensas pesquisas do saudoso historiador Lenine Pinto de que o verdadeiro local da descoberta do Brasil foi em Touros, no litoral norte potiguar.
A releitura sustenta que a esquadra de Pedro Álvares Cabral teria, na verdade, ancorado primeiro no município de Touros, e não no sul da Bahia, como estabelece a historiografia oficial.
A tese se apoia em uma análise minuciosa da carta de Caminha, com atenção especial às marcações originais de pontuação e ao vocabulário utilizado. Segundo Cavalcanti, a descrição da costa avistada, das características geográficas e das coordenadas indicadas na carta apontam diretamente para o extremo norte potiguar.
Um dos principais indícios apontados pelo pesquisador é o chamado marco encontrado em Touros, considerado o mais antigo símbolo de posse portuguesa em território brasileiro. Constata que o marco reforça a hipótese de que aquela foi a primeira terra avistada e tocada pelos portugueses em 1500.
Cavalcanti atenta para o que chama de “leitura viciada” da documentação histórica, reforçada por traduções que, ao longo dos séculos, desconsideraram detalhes fundamentais do texto original de Caminha. “A leitura mais fiel à linguagem e pontuação da época desmonta a ideia de que a primeira terra avistada foi o Monte Pascoal, no sul da Bahia. A costa descrita é a do Rio Grande do Norte”, afirma.
A proposta, embora controversa, reacende uma discussão histórica que há tempos encontra defensores. Além de fortalecer a identidade regional, a tese de Manoel Cavalcanti Neto levanta questões sobre como a história do Brasil foi construída e difundida ao longo dos séculos.
Autor(a): BZN