27 OUT 2022
Se você é tutor de cães e gatos, deve adotar medidas preventivas e redobrar os cuidados contra o câncer de mama, especialmente nas fêmeas, alerta o Centro Médico Veterinário (CMV) da Universidade Potiguar (UnP), em Natal.
De acordo com a médica veterinária e tutora da Liga de Oncologia do CMV, Carol Maia, a doença é causada principalmente pela estimulação das mamas a partir dos hormônios ovarianos, acometidas, muitas vezes, por hábitos ultrapassados.
"Esse estímulo aumenta a divisão das células das glândulas mamárias e, em algum momento, alguma célula pode sofrer alteração genética, se transformando em uma célula cancerígena, que vai se multiplicar e evoluir para um câncer. Também pode acontecer em machos, mas não é comum, tendo uma incidência menor do que 1%", explica.
Entre essas duas espécies, os felinos são os mais atingidos devido à inexistência de um controle sobre a saúde animal, sendo esse público um dos mais atendidos no CMV para tratamento de câncer de mama. Segundo a especialista, isso ocorre porque a maioria não é castrada na idade correta, além de ser comum a aplicação de "vacinas anti cio", que são os anticoncepcionais.
A idade que a castração é realizada também é um ponto importante. A Associação Brasileira de Oncologia Veterinária (Abrovet) prevê que para tratamento, prevenção e diagnóstico de câncer de mama em cadelas, a idade ideal para a castração seria entre o primeiro e o segundo cio, podendo obter uma prevenção de 92% do risco e reduzir os efeitos maléficos de fazer a castração mais cedo.
Já para as gatas, o ideal é fazer a castração até 1 ano de idade. Apesar disso, a castração continua sendo recomendada em fêmeas adultas por outros benefícios, mesmo que não tenha tanta interferência na prevenção do câncer de mama.
“Cada paciente precisa ser avaliado individualmente, através de exames complementares, como ultrassonografia abdominal e radiografia torácica. Via de regra, o primeiro passo é a cirurgia. Após a cirurgia, nós enviamos os nódulos para biópsia, para confirmarmos se aquela paciente tem câncer e qual tipo de câncer. Dependendo do resultado e do estágio que a paciente esteja, avaliamos se há a necessidade ou não de tratamentos complementares, como a quimioterapia”, frisa.
Amor de quatro patas
Ana Paula Bispo, de 39 anos, é tutora de Nina, uma felina de aproximadamente 4 anos. A partir do cuidado individualizado, a gatinha se recupera em casa depois da cirurgia para retirada de nódulos de câncer de mama realizada nesta campanha do Outubro Rosa. “Confesso que fiquei assustada, porque o câncer de mama é uma doença que se espalha muito rápido, se não for descoberto a tempo. Fiquei com medo de perdê-la, porque o apego é muito grande. Mas ocorreu tudo bem e estamos aqui para contar história”, comemora.
Para que outras histórias tenham finais felizes, a veterinária Carol Maia apela aos tutores de cadelas e gatas para que mantenham os cuidados preventivos e ir contra o mito de “esperar para ver se cresce”.
“Castre na idade indicada; faça exames periódicos para que, quando não puder mais prevenir, pelo menos consigamos um diagnóstico precoce; não utilize anticoncepcionais nas cadelas e gatas, pelo fato de ser cancerígeno e poder causar abortos, infecções uterinas e hiperplasia mamária nas gatas. Os próprios tutores, em casa, podem fazer o exame de toque mamário, apalpando as mamas em busca de nódulos, placas, inchaços. Sempre que identificar qualquer alteração, procure um serviço veterinário imediatamente. Por último e não menos importante, não abandone o seu bichinho de estimação. Cuide, trate e dê carinho”, orienta a profissional veterinária.
Autor(a): Marcos Pinto