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Casa não é lugar seguro para vítimas de violência, diz CRP

05 MAR 2021

Foto: Sky Comunicação

O Conselho Regional de Psicologia do RN (CRP) alerta para a necessidade de políticas públicas efetivas que garantam proteção à mulher, que em tempos de pandemia vem sofrendo ainda mais a violência doméstica.

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, no primeiro semestre da pandemia, as chamadas para o 190 aumentaram em 3,8%, cerca de 147 mil chamadas.  Outro dado alarmante é a morte de 648 mulheres por feminicídio.

No RN foi registrado aumento de 13,6% no número de lesões corporais dolosas em mulheres, passando de 952 para 1.081 casos em relação ao primeiro semestre de 2019. Também aumentaram os registros de ameaça, passando de 1.265 para 1.612 em relação ao mesmo período do ano passado, o que representa 27,4%.

Membro do CRP-RN, a psicóloga Andreína Moura atenta que o isolamento social fez com que as mulheres ficassem mais suscetíveis a sofrerem violência com o convívio 24 horas com os agressores, que em sua maioria são companheiros das vítimas.

Diz 

- Um comportamento comum aos agressores é isolar e ter controle sobre a vítima, com isso, a convivência acentuada na pandemia potencializa ainda mais os conflitos e as situações de violência dentro do lar.

Indica que a violência ocorre em ciclos. O primeiro é através da tortura ou violência psicológica, pouco percebida dentro dos relacionamentos abusivos.

A violência psicológica para por humilhação, ofensas e gestos de diminuir a vítima, podendo ser agravada pela dependência emocional ou financeira. O segundo passo é a violência física e, por último, o risco do feminicídio, caso o ciclo não seja interrompido.

Pontua que não naturalizar o machismo é fundamental para o rompimento do ciclo. “Romper o silêncio é fundamental. Nomear o que a mulher sofre como violência e não como ‘uma coisa normal de casal’ é o primeiro passo para romper o ciclo de violência”.

Atenta

- O medo, a vergonha, a descrença nas leis e no Sistema de Justiça, a crença na mudança do parceiro, a dependência emocional e/ou financeira, podem fazer com que a mulher em situação de violência não procure ajuda.

Estado

Para o CRP-RN, é importante que o Estado ofereça plantão 24 horas na rede de proteção como em instituições de abrigamento temporário, instituições de acolhimento, Centros de Referência, Casa Lar, Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM). Além de promover a educação e conscientização das mulheres sobre temas como: direitos sexuais e reprodutivos, violação de direitos, empoderamento econômico, capacitação e oportunidade de trabalho, dentre outros.

Destaca:

- A concretização do combate a violência não depende apenas de leis e decretos, mas de mudanças nos modos de pensar e agir da sociedade para compreensão sobre as violações dos direitos humanos da mulher.

Apoio

A psicóloga Andreína Moura alerta também que o atendimento psicológico às vítimas estrutura-se em ações de escuta e de proteção que propiciem condições para a superação do sofrimento causado pela situação de violação de direitos.

Aconselha:

- Profissionais que lidam com casos de violência contra mulher devem avaliar as peculiaridades de cada caso para decidir se o encaminhamento é para um serviço de saúde mental, ou se propõe um conjunto de atendimentos psicossociais no seu plano terapêutico.

Atenção para os canais de Denúncia

DEAM Natal

Z. Norte: (84) 3232-5468/5469 (funciona 24 horas)

Z. Sul: (84) 3232-2526/2530

DEAM Parnamirim

(84) 3644-6407

DEAM Mossoró

(84) 3315-3536

DEAM Caicó

(84) 3421-6040/6029

Ligação: Disque 100, 180 ou 190 (polícia)

Site: https://ouvidoria.mdh.gov.br

APP: Direitos Humanos Brasil

Autor(a): Eliana Lima



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