18 FEV 2021
O Comitê de Enfrentamento à Covid da Sesap (Secretaria Estadual de Saúde) recomenda o “Estabelecimento de barreiras sanitárias com os estados da Paraíba e Ceará, bem como nos portos e aeroportos, assim como implementação de barreiras sanitárias e intensificação do monitoramento e rastreio nos municípios sabidamente turísticos do estado do RN”.
Decisão após observar que os “vírus, como o SARS-CoV-2, mudam mais rapidamente que outros microorganismos, como bactérias e fungos, sendo classificados em linhagens distintas por pequenas diferenças em seu material genético. Para melhor entender e estudar esse vírus, os cientistas criaram um sistema de nomenclatura para as diferentes linhagens do SARS-CoV-2, o que permite comparar os resultados obtidos em qualquer região do planeta e detectar quais linhagens são mais prevalentes e estão circulando em uma área ou em um dado momento”.
Explica:
- Até o momento, um conjunto de mutações foi identificado em algumas linhagens do SARS-CoV-2, que permitem que estas sejam mais transmissíveis entre as pessoas (Rede Genômica Fiocruz: www.genomahcov.fiocruz.br).
No Rio Grande do Norte, foram identificadas até o momento as linhagens B.1 e B.1.1.33. Estados vizinhos como Ceará e Paraíba relataram a detecção de um número maior de linhagens. As linhagens B.1, B.1.1.33, B.1.1.28 e P.2 foram identificadas no Estado do Ceará e as linhagens B.1, B.1.1.33, B.1.1.28, B.1.1.119, P.1 e P.2 no Estado da Paraíba (Rede Genômica Fiocruz: www.genomahcov.fiocruz.br). Algumas dessas linhagens foram associadas a maior transmissibilidade, como a P.1. A linhagem P.2, com a mutação E484K, foi detectada em casos de reinfecção (Nonaka e colaboradores, 2021; Resende e colaboradores, 2021) e há evidências in vitro que a presença da mutação E484K reduz a neutralização por anticorpos policlonais em soros convalescentes (Greaney e colaboradores, 2021).
Apesar da não detecção de B.1.1.28, B.1.1.119, P.1 e P.2 no Rio Grande do Norte, é possível que essas linhagens já estejam circulando no estado, considerando a velocidade da disseminação dessas linhagens no Brasil e a detecção em estados vizinhos. Nesse sentido, recomenda-se o fortalecimento da Vigilância Genômica no Estado do Rio Grande do Norte com vistas ao monitoramento de novas variantes de SARS-CoV-2.
Autor(a): Eliana Lima