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Cientistas conseguem evitar metástase de pulmão após o câncer de mama

15 MAR 2023

Foto: Divulgação/Dr Thiago Rego

As pacientes com câncer de mama positivo para receptor de estrogênio (ER+), o tipo mais comum, correm um risco de recorrência da doença em outras partes do corpo por anos após o diagnóstico e o tratamento do tumor primário.

Agora, pesquisadores do Instituto de Pesquisa do Câncer (ICR), do Reino Unido, divulgaram ter desvendado o mecanismo que leva as células de câncer de mama a acordarem anos depois de um tratamento bem sucedido, levando a um quadro de metástase no pulmão.

A descoberta foi publicada nesta segunda-feira (13/3), na conceituada revista Nature Cancer, e marca um passo histórico nos estudos de combate ao câncer. Realizado em camundongos, o trabalho revela como ocorre essa recidiva e aponta uma estratégia para evitá-la.

Os pesquisadores descobriram que a proteína PDGF-C, presente no pulmão, desempenha um papel fundamental para influenciar se as células inativas do câncer de mama permanecem adormecidas ou acordam.

Quando o nível de PDGF-C aumenta – o que é mais provável em idosos ou quando o tecido do órgão está desgastado ou cicatrizado –, as chances de as células cancerígenas latentes crescerem e se transformarem em um câncer de mama secundário são potencializadas.

Após desvendar o mecanismo, os pesquisadores buscaram uma estratégia para bloquear o aumento da proteína PDGF-C. Testes com camundongos com tumores ER+ mostraram que o uso do imatinib, antes e depois do desenvolvimento dos tumores, reduziu significativamente o crescimento do câncer secundário. O medicamento é utilizado atualmente para tratar pacientes com leucemia mielóide crônica,

De acordo com o oncologista do Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol), Thiago Rego, “a descoberta pode impedir que as células cancerosas ‘despertem’ e se transformem em tumores no futuro, eliminado uma fase absolutamente cruel da doença, que é a metástase, ainda mais a de pulmão, um órgão extremamente sensível”.

O especialista ainda explica que a expectativa, agora, passa a ser pelo uso em maior ampliado da medicação. “Os testes em larga escala devem acelerar a introdução de uma nova terapia. Além disso, conhecer o mecanismo significa também poder estudar novos fármacos que evitem o surgimento da metástase de pulmão e de outros órgãos”, conclui Thiago Rego.

Autor(a): Redação



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