Cultura

Clube Assen: ascensão, glamour e demolição do ícone modernista em Natal

31 MAI 2025

A capital dos magos-desmemoriados se despediu neste sábado (31) de mais um marco da sua arquitetura modernista.


O icônico edifício do Clube Assen (Associação dos Subtenentes e Sargentos do Exército em Natal), na Av. Prudente de Morais, começou a ser demolido após décadas de abandono. Com ele, caiu mais um fragmento do patrimônio modernista que, um dia, ajudou a desenhar a identidade arquitetônica da cidade.


Inaugurado em 1963, a Assen foi muito mais do que uma sede associativa militar. Projetado sob a égide do modernismo, com traços atribuídos ao arquiteto potiguar Raimundo Costa Gomes e à supervisão do engenheiro Wilson Miranda, o clube se transformou em um dos centros mais efervescentes da vida social, política e cultural de Natal. Foi palco de bailes de debutantes comandados por colunistas como Jota Epifânio e Hilneth Correia, recepções oficiais e festas que marcaram época.


A arquitetura do prédio refletia a ambição da modernidade: linhas limpas, formas arrojadas e integração entre espaços que transmitia leveza e funcionalidade. Um dos elementos mais lembrados era sua cobertura curva, que se unia à parede lateral como um gesto contínuo, uma marca do estilo moderno praticado nas décadas de 50 e 60.


Contudo, como muitos ícones de seu tempo, a Assen não resistiu à passagem do tempo. A partir dos anos 1990, entrou em franco processo de decadência. Mudanças nos hábitos sociais, falta de manutenção, desinteresse de parte dos associados e disputas internas pelo destino do terreno aceleraram sua deterioração. Nos últimos anos, denúncias de abandono, acúmulo de lixo e proliferação de mosquitos na piscina sem tratamento tornaram o local um problema sanitário.


Tentativas de tombamento não prosperaram. O prédio foi sendo esquecido, até que sua situação estrutural crítica levou à autorização da demolição, iniciada neste sábado com acompanhamento técnico. Ainda não há definição pública sobre o que será construído no local, avaliado em milhões de reais.


A destruição do Assen representa mais do que a queda de um edifício. É a perda de um espaço onde gerações de natalenses viveram momentos marcantes. A ausência física do clube acende, mais uma vez, o debate sobre a preservação da memória urbana, a negligência com o patrimônio arquitetônico modernista e o destino de outros espaços similares na cidade.



Autor(a): BZN



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