13 MAR 2021
“Ao completarmos um ano de pandemia, enfrentamos hoje um dos momentos mais críticos ao longo dessa trajetória”. A fala do Secretário de Saúde Cipriano Maia ao abrir a coletiva de imprensa reflete a situação atual de enfrentamento ao combate ao coronavírus. Como pontos importantes para análise deste cenário o Comitê Científico da Sesap apresentou nesta sexta-feira (12) análise do Indicador Composto e o resultado do Inquérito Sorológico, pesquisa feita em oito municípios no intuito de mapear o comportamento da pandemia no estado do Rio Grande do Norte.
Inquérito Sorológico
230 mil pessoas em projeção populacional já tiveram contato com coronavírus
O Inquérito Sorológico que tem como finalidade mapear o comportamento da Covid-19 em todas as regiões do Estado do Rio Grande do Norte.
A Secretaria de Estado de Saúde Pública em parceria com o Instituto Amostragem do estado do Piauí elaborou entrevistas e realizaram exames (testes Covid). Foram analisados oito municípios com sede de regionais de saúde no Estado: Pau dos Ferros, Mossoró, Assu, Natal, João Câmara, São José do Mipibu, Santa Cruz e Caicó e para cada município serão vinte entrevistadores e pesquisadores que farão a aplicação de um questionário com perguntas referentes a sintomas, estado de saúde, idade, comorbidades, entre outras questões importantes para embasar a pesquisa. Ao todo serão 160 pesquisadores em campo. Em cada município, cerca de 2.500 pessoas foram testadas e entrevistadas. No total, cerca de 20.234 pessoas no estado fizeram parte do estudo.
Em cada município foram sorteados 30 setores censitários (subdivisão do município, feita pelo IBGE que inclui cerca de 300 domicílios). Em cada setor as equipes percorreram os domicílios e fizeram os exames e as entrevistas nos moradores.
Em cada setor, cerca de 100 indivíduos foram entrevistados e examinados. Cada fase foi conduzida em um fim de semana (sexta, sábado e domingo). Ao todo, a coleta de dados foi feita ao longo do mês de janeiro de 2021.
Resultados
6,5% da população investigada apresentou anticorpos para a covid-19. As maiores prevalências foram em Caicó (12,3%) e Pau dos Ferros (12,7%) e a menor em São José de Mipibu (5,3%). Em projeções populacionais, isso indica que quase 230 mil pessoas no Rio Grande do Norte tiveram contato com o SARS-CoV-2 e produziram anticorpos detectáveis.
As maiores prevalências aparecem nos grupos etários acima de 45 anos e chama a atenção, contudo, a prevalência também alta no grupo de até 9 anos. “Essa foi uma das surpresas da pesquisa”, aponta o pesquisador Ângelo Roncalli. Em boa parte dos casos as diferenças não são significativas pela análise dos intervalos de confiança. Pelo menos entre a menor prevalência (4,5% entre 18 e 24 anos) e a maior (8,1% em 70 anos e mais), a diferença é significativa. Com relação ao sexo, as prevalências são praticamente iguais. Em relação à raça/cor auto-referida, a prevalência é maior em negros (6,9%) em comparação com brancos (5,6%). A categoria “negros” foi formada pelo agrupamento dos que referiram raça/cor preta ou parda. A prevalência é maior nos que relataram contatos, tanto com suspeitos quanto com confirmados.
Outro ponto importante da pesquisa é A prevalência entre os que não adotaram o distanciamento social é significativamente maior (12,7%) em comparação com os que adotaram total ou parcialmente (7,2%). “Esse dado aponta para a importância e eficácia do distanciamento social”, afirma Roncalli.
O inquérito tem o apoio do Comitê Científico instaurado desde o início da pandemia com pesquisadores da UFRN e do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O Cronograma foi dividido em três ciclos nas seguintes datas: 1° ciclo: 8 a 10/01/2021, 2° ciclo: 15 a 17/01/2021 e 3° ciclo: 22 a 24/01/2021.
Para que a pesquisa pudesse acontecer, a Sesap forneceu 25 mil kits de testes da marca WONDFO SARS-CoV-2 Antibody Test, além dos equipamentos de proteção individual (EPIS). É importante ressaltar que uma parte dos kits é destinada para os pesquisadores em campo, para garantir a segurança no risco de contágio.
Indicador Composto
O Indicador Composto elaborado pela coordenação do professor Kênio Lima (UFRN), junto com os pesquisadores do Comitê de Especialistas e a equipe da Sesap-RN, com apoio do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UFRN, permite o mapeamento da evolução semanal de casos por município e assim ter um monitoramento da pandemia em todo o estado.
Os dados apontam que no mês de maio de 2020, o número de óbitos diários triplica. O pico ocorre em 21 de junho, com 33 óbitos. A partir daí há uma queda, sustentável, com -2,2% ao dia até fim de outubro. Em novembro já se observa um aumento de 0,7% e, em dezembro um crescimento maior ainda (3,0%). Até o final de fevereiro de 2021, a tendência é novamente de aumento e hoje temos os seguintes dados:
No dia de hoje (12), temos 179.824 casos confirmados e 53.902 casos suspeitos. Em relação aos óbitos, os dados apontam 3.857 óbitos confirmados por covid-19, sendo 05 nas últimas 24 horas. Ainda há 845 óbitos em investigação.
O indicador reúne nove variáveis que traçam um olhar mais apurado sobre cada município e um escore que mostra a evolução a cada semana. Isso permite a tomada de decisões do comitê em suas decisões. O último indicador, que será apresentado na coletiva, aponta para o estado de alerta que o Rio Grande do Norte vive hoje. “Um importante instrumento com contribuição decisiva da ciência, como vem sendo desde o início, sob a coordenação da professora Fátima Bezerra, para ter o melhor resultado em salvar vidas, que é o objetivo do SUS e da ação governamental”, ressaltou o secretário de saúde Cipriano Maia.
Estado do RN em alerta
O indicador vai de 1 a 5, onde 1 é a melhor situação e 5 a pior. Foram usadas cores alusivas aos semáforos de trânsito, sendo o 1 e 2 em dois tons de verde, o 3 e 4 em dois tons de amarelo e o cinco em vermelho. “Como ele é calculado a cada semana, temos condições de monitorar a evolução de cada município”, explica o professor Ângelo Roncalli. Os dados hoje, mostram que todo o estado, dos 167 municípios, 59 tiveram uma piora no indicador, 81 estão em estabilidade e 27 tiveram melhora.
O Indicador Composto é analisado e disponibilizado semanalmente e o último, publicado esta semana, traz um panorama crítico do momento atual.