O fotógrafo Cláudio Abdon vem registrando o cotidiano da cena urbana na capital dos magos-atentos.

Diariamente ele nos brinda com a sensibilidade refletida nas lentes de sua câmera fotográfica. E a cena de hoje (20) marcou muito. A mim.

Ironia, a cena acontece na praça que tem o nome do potiguar que ficou conhecido como O anjo da caridade, servo de Deus: Padre João Maria. 

Sacerdote que trabalhou incansável pelos mais necessitados. Combatente da seca, da epidemia de varíola e abraçou a bandeira da libertação dos escravos, o que lhe rendeu o apelido de Pai dos Negros Forros. 

O padre que no dia 16 de outubro de 1905 sucumbiu à varíola, doença que tanto combateu. Enquanto miseráveis eram  marginalizados diante da epidemia de varíola, ele visitava o casebre de cada um.

Da sua velha batina desbotada, arrancava tiras para fazer ataduras que aliviava ferimentos dos que sofriam. Também doava corte de tecido novo que recebia para confecção de nova batina. Entre tantas e mais ações de amor e solidariedade.

Pois é 

A cena registrada por Cláudio, em meio ao granito que reflete sob o que resta do sol escaldante do dia e a elementos descartados após uso, reflete o quão ainda estamos aquém da dignidade vislumbrada e batalhada pelo Padre João Maria. 

 

Autor(a): Eliana Lima