31 JAN 2025
A 3ª série do ensino médio, também conhecido como Pré, costuma ser de muito estudo e abdicações para os alunos que irão prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As longas jornadas de aulas, revisões e estudos em casa costumam engolir o tempo que poderia ser dedicado para atividades extras, como a prática esportiva ou o lazer.
Entretanto, psicólogos e educadores defendem que focar apenas na parte acadêmica é um erro que pode afetar o desempenho dos alunos, além de aumentar os níveis de estresse e ansiedade naturais que envolvem essa importante etapa da vida escolar. É o que aponta a psicóloga do Colégio CEI (Romualdo Galvão e Roberto Freire), Isis Barreto: “Nós sempre recomendamos muito e reforçamos com os nossos alunos a importância de integrar as práticas esportivas e atividades de lazer à rotina de estudos para o Enem e outros vestibulares. O ano de preparação já traz um componente maior de ansiedade e muitas vezes isso pode prejudicar o desempenho. Então, nós sempre reforçamos a importância de existir uma rotina sustentável para o aluno ao longo do ano”.
A psicóloga ressalta ainda como o esporte ajuda em componentes essenciais para um bom desempenho acadêmico, como concentração, humor e qualidade do sono. “É preciso ter equilíbrio entre as diversas áreas de estudo, lazer e a atividade física. Inclusive, o exercício físico estimula a produção de neurotransmissores que melhoram o humor, a concentração e a qualidade do sono, que são fatores muito importantes para o aprendizado. Então, um aluno de alto rendimento, um aluno que consegue, de fato, ter uma rotina sustentável, ele vai conseguir integrar todas essas áreas, favorecendo a manutenção da motivação ao longo do ano. Pequenos hábitos, caminhadas, esportes coletivos e hobbies, com certeza, influenciam positivamente no desempenho acadêmico do aluno e sua saúde mental”.
Essa indicação foi seguida à risca por Ana Cecília Mussully, aluna do Colégio CEI aprovada em medicina na Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) e uma super atleta de vôlei da escola, que participou de treinos e competições ao longo de todo o ano de 2024, enquanto cursava a 3a Série do ensino médio. Cecília comenta que o vôlei foi parte essencial na sua vida acadêmica.
“Comecei a jogar no terceiro ano do fundamental, com 7 anos, no CEI mesmo. Daí em diante, fui crescendo no esporte. Joguei cinco JERNS e fui tricampeã, uma vez pelo infantil e duas pelo juvenil. No JERNS de 2023 fui Atleta Ouro do campeonato. O ano de Pré, em que achei que iria jogar menos, acabou sendo o melhor ano da minha vida no esporte. Fui para um brasileiro, fui campeã e joguei todas as competições possíveis pelo CEI: jogos da amizade, JUVERS e JERNS. O CEI me proporcionou uma das melhores coisas da minha vida, o vôlei, e alguns dos melhores momentos dela também”, disse a estudante.
O desempenho vitorioso da atleta é confirmado pelo técnico Jairo Tinoco. “Falar de Cecília é fácil, porque ela é uma excelente pessoa, uma grande atleta, era a capitã do nosso time. Sempre teve atitude, e chegando o ensino médio e o Pré, ela disse que não ia abandonar o esporte. Até porque o esporte mostra a disciplina do atleta, mostra o saber ganhar, saber perder, saber se levantar, horários para acordar, horário de jogo, horário de estudo, enfim, disciplina. Então, falar de Raivosa, como a chamamos carinhosamente, é fácil. Graças a Deus, ela encerrou um ciclo vitorioso nos estudos, passando no curso que ela queria, e no esporte, que é o voleibol, sendo atleta ouro e campeã”.
Mas a rotina de aulas e estudos é exaustiva para um estudante de Pré que pretende vaga em cursos mais concorridos, como medicina. Ana Cecília explica que precisou organizar seus horários de dedicação aos estudos para que os treinos e as competições não atrapalhassem o sonho maior de ser médica. “No início do ano eu tive a oportunidade de viajar pela seleção, então fiquei com muitos treinos. Nesse período, principalmente, todo momento que eu tinha para estudar, eu estudava. E eu também fiz algumas trocas. Em vez de, por exemplo, sair no fim de semana, eu ficava em casa estudando, porque em outros momentos que eu deveria estar estudando na semana, eu acabei tendo que treinar”.
A atleta explica que sempre foi estudiosa e isso lhe rendeu uma boa base de conhecimento, construída ao longo da vida escolar, e isso lhe permitiu conseguir conciliar outras atividades com os estudos. Ainda, que o esporte a ajudou em aspectos emocionais e a ter mais concentração e foco nas atividades acadêmicas. “O esporte foi muito importante para mim também emocionalmente. Algumas das minhas melhores memórias são em competições, porque não é só jogar, você vive coisas muito especiais, muitas amizades que vou levar pra vida. O vôlei também me ajudou muito a ter concentração e disciplina, porque me forçou a estudar mais nos momentos que eu tinha”.
Alcançar resultados expressivos no esporte e a aprovação em universidade pública no curso de Medicina contou com o apoio da família e do corpo docente da escola. Segundo Ana Cecília, professores e equipe pedagógica não pouparam esforços para auxiliá-la. “Tenho que agradecer pela equipe, porque o CEI me apoiou muito nisso. Todos os professores estiveram 100% dispostos a tirar qualquer dúvida e a me ajudar nos conteúdos que eu perdi durante as viagens de competição. Sempre davam material quando eu pedia e me indicavam aula também. Eles se dispuseram, inclusive, a me dar aula específica, só para mim. A coordenação também sempre foi muito proativa, sempre esteve disposta a mudar dia de prova, caso eu precisasse, a me dar material ou simulados que perdi”.
Luana Furtado, mãe da estudante, comenta que ela e o esposo também sempre apoiaram a filha na prática esportiva e que, apesar da preocupação com a aprovação, continuaram a incentivar no vôlei mesmo no ano de Pré. “Desde pequena a inserimos no esporte. Eu e o pai nunca deixamos de apoiar e incentivar que ela continuasse. A incerteza foi mais dela do que nossa. Porque sabíamos que ela era muito apaixonada pelo vôlei e que os momentos em quadra a faziam muito feliz. Dizíamos muito que a oportunidade do vôlei não voltaria, já o Enem teria todos os anos”, disse.
Sobre a aprovação da filha em Medicina, comentou emocionada: “Foi a melhor sensação que tivemos na vida, uma felicidade indescritível. Foi a primeira vez que vi meu marido chorar de tanta emoção. Realmente, foi uma experiência ímpar”.
Ana Cecília agora terá que se mudar para a cidade do Recife para iniciar o curso na UFPE. Sobre a mudança da filha para a nova cidade, Luana comenta: “Estou com o coração na mão, mas garanto que a felicidade é maior que qualquer preocupação. Ana Cecília tem responsabilidade e sempre foi uma boa filha, isso me tranquiliza. Todos os dias minha oração a Deus será pedindo que Ele acampe os seus anjos ao redor da minha filha. Vou entregar meu medo e anseios a Deus confiando minha filha a Ele”.
A agora universitária e estudante de Medicina, Ana Cecília Mussully, aconselha os alunos que farão a prova do Enem neste ano a não abandonarem atividades que ajudem a equilibrar estudo e lazer: “Eu consegui, sabe, então eu espero que as pessoas não larguem toda a vida assim agora para estudar obsessivamente”.
Até o momento, o Colégio CEI (Romualdo Galvão e Roberto Freire) já contabiliza a marca de 112 aprovações no Sisu 2025, sendo 16 em Medicina, com o 3º lugar da UFRN; 20 em Direito, com os 2º, 4º, 6º e 8º lugares da UFRN; e 24 aprovações nas Tecnologias e Engenharias, sendo duas em 1º lugares e cinco 2⁰ lugares. Ao todo, são 30 aprovações no top 10 de variados cursos em universidades públicas do país.
Autor(a): BZN