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Correspondente da ABC News vai a Bucha e detalha horrores do massacre promovido pelo ataque russo

05 ABR 2022

Foto: James Longman

Enquanto o mundo está em choque com as atrocidades promovidas na cidade ucraniana de Bucha, durante ataques russos, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, diz que os corpos deixados nas ruas são uma “conspiração” para "encenação" encomendada pelos Estados Unidos da América. 


O jornal New York Times cruzou imagens de satélite com vídeos e fotografias de Bucha e nelas revelam que os cadáveres encontrados numa das ruas da localidade “estarão na mesma posição há mais de três semanas”. Ou seja: durante a ocupação das tropas russas. Ou seja: não foram colocados depois. 


Autoridades ucranianas falam em mais de 300 mortos em Bucha. Nesta terça (5) foram encontradas mais valas comuns em outra cidade nos arredores de Kiev.


A retirada das tropas russas da região de Kiev revela um rasto de destruição e nas imagens que correram o mundo os indícios são claros de crimes de guerra.


Pois bem


Confiram os relatos do jornalista James Longman, correspondente estrangeiro ABC News, que esteve em Bucha e conversou com moradores que sobreviveram à carnificina.


Esses trechos ele conta no Twitter:


- Conhecemos Mykola. Ele e sua esposa passaram um mês morando no porão de seu prédio. Quando os russos chegaram, mataram todos os homens com menos de 50 anos. Ele tem 53 anos. Ele nos contou isso tremendo com o trauma disso. Deram-lhe 20 minutos para enterrar os amigos.



- Três sepulturas ficam em frente ao seu bloco de apartamentos. Cada um marcado com uma prancha de madeira e um ícone religioso anexado. Ele queria dar-lhes toda a dignidade que pudesse. "Mas é muito superficial", diz ele, quase se desculpando. 'Eu só queria protegê-los dos cães.'


- Dois deles foram baleados na frente dele. Outro teve uma granada atirada nele. As partes de seu corpo ficaram no chão por dias, até que finalmente ele teve permissão para recolhê-las, colocá-las em um saco e enterrá-las. Uma dessas sepulturas é menor que as outras.


Os russos pediram documentação quando chegaram lá. Qualquer coisa em seus papéis que os fez pensar que você era uma ameaça, e você estava morto. Ele disse que eles fizeram os homens se despirem, procurando por tatuagens. Talvez tatuagens militares.


- Russos agachados em seus apartamentos. As salas de frente regulares de famílias ucranianas inocentes, transformadas em dormitórios de guerra de bandidos bêbados e violentos. Uma bagunça de cobertores e comida velha e desprezo.


- Fomos à vala comum que as imagens de satélite viram perto da igreja. Vimos sacos de corpos jogados em cima de outras vítimas que estavam embrulhadas em lençóis ou nada.


- Os bravos moradores saíram para recolher os mortos da rua durante a ocupação. Disseram-nos que poderia haver até 90 pessoas nessas sepulturas. Esta cidade inteira é uma cena de crime.


- Mas, um último pedaço de esperança. Caminhões de ajuda chegaram a Bucha hoje. E os moradores saíram para cantar depois que fizeram suas entregas. Ludmilla, em azul, é um raio de luz particular. Alegria.



Autor(a): Eliana Lima



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