23 MAR 2020
A letalidade não é a única preocupação da classe médica diante do novo coronavírus (covid-19). A taxa de natalidade intriga os especialistas. Estudos demográficos indicam que situações similares a uma pandemia resultam em queda na natalidade da população.
Professora do Departamento de Demografia e Ciências Atuariais da UFRN, Luciana Lima explica que em eventos de alta mortalidade registrados na história da população mundial, como terremotos, furacões e epidemias, verificou-se redução do número de nascimentos. “Aos sobreviventes de um contexto de alta mortalidade se impõe um elevado custo financeiro e psicológico que pode provocar a redução desses nascimentos em um primeiro momento, mas com um efeito rebote de retomada da fecundidade alguns anos após o encerramento da pandemia”, de acordo com portal da notícias da UFRN.
Um exemplo foi a Gripe Espanhola, que provocou uma devastação no planeta em 1918, sendo a pandemia mais letal da história recente, que deixou cerca de 50 milhões de mortes em todo o mundo.
Segundo Luciana Lima, nesse período dramático se verificou que "nos países mais afetados pela gripe a redução do número de nascidos, e nos cinco primeiros anos subsequentes, um aumento do ritmo de fecundidade, como resposta à melhora no cenário econômico, social e de saúde pública”.
A professora, entretanto, atenta que é preciso diferenciar do contexto mundial atual, a contar que a "tendência dominante é de redução da fecundidade, graças, entre outros, à ampla disseminação e utilização de métodos contraceptivos de alta eficácia. Ou seja, um contexto diferente da época da Gripe Espanhola, quando boa parte das nações registrava alta fecundidade. No caso específico de países acometidos de maneira severa pelo COVID-19, como a Itália, a fecundidade já se encontra em níveis muito baixos, sendo pouco provável uma reversão dessa tendência", de acordo com o portal da UFRN.
Autor(a): Eliana Lima