Política

Curso marxista na UFRN renova discussão ideológica

03 JUN 2025

Departamento de Filosofia (Defil) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) realizará, ao longo do mês de junho, o minicurso “Teorias Críticas da Reificação”. A atividade acadêmica, com certificado de 16 horas, será conduzida pelo professor Ivan Rodrigues e tem como foco autores clássicos e contemporâneos ligados à tradição crítica marxista, como Georg Lukács, Max Horkheimer, Jürgen Habermas e Albena Azmanova.


O curso promete discutir o conceito de reificação, termo de origem marxista que descreve o processo pelo qual relações sociais passam a ser tratadas como coisas, desumanizando indivíduos e convertendo-os em objetos funcionais do sistema econômico. 


Embora relevante no campo da filosofia social, o conceito carrega uma carga ideológica que, mais uma vez, coloca em evidência a presença dominante do pensamento marxista em setores da academia brasileira.


Reificação: conceito ou bandeira?


A reificação foi formulada por Georg Lukács no início do século XX como crítica à alienação provocada pelo capitalismo. Na visão do filósofo húngaro, o trabalho humano torna-se uma mercadoria entre outras, desprovido de subjetividade. O mesmo raciocínio ecoa nas obras da Escola de Frankfurt (Horkheimer, Adorno, Marcuse), que ampliam a crítica para os domínios da cultura e da racionalidade moderna.


A abordagem do curso segue essa mesma linha, atualizada por intelectuais como Azmanova, que analisa os efeitos da globalização e da financeirização no mundo contemporâneo. Ainda que sejam autores importantes, todos compartilham de uma matriz teórica comum: o marxismo e suas derivações.


Pois bem!

As perguntas que não querem calar, e não pagam impostos, ainda: 


os contrapontos?


A ausência de pensadores fora do eixo crítico-marxista levanta uma questão recorrente: a universidade pública brasileira tem promovido o pluralismo de ideias ou a reprodução de uma única corrente de pensamento?


Autores como Karl Popper, crítico severo do marxismo e do que chamou de “falácia da reificação”, Isaiah Berlin, Eric Voegelin ou Raymond Aron, que ofereceram alternativas teóricas robustas, continuam praticamente ausentes de eventos acadêmicos como este. A tendência à homogeneização ideológica, além de empobrecer o debate, fere o princípio da neutralidade acadêmica, especialmente em instituições públicas financiadas pela sociedade como um todo. Né?!


Crítica ou catequese?


Há uma tênue linha entre discutir criticamente um autor e usá-lo como referência indiscutível. Quando essa linha é cruzada, o espaço acadêmico corre o risco de se transformar em um ambiente de catequese ideológica e não de formação crítica plural.


O problema não está em estudar Marx, Lukács ou Horkheimer, o problema está em não estudar mais nada além deles.


A função da universidade deveria ser justamente o oposto: fomentar o confronto de ideias, estimular o dissenso e abrir espaço para visões diversas sobre temas complexos como economia, política e filosofia social. Ou não?!


Autor(a): BZN



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