O presidente tenta levar a culpa da inflação para o povo e a cadeia produtiva. E tem tolo útil que ainda cai.

Lembrei dos ‘fiscais do povo’ no governo Sarney. Quem lembra?

A campanha do governo brasileiro na década de 1980, no contexto do Plano Cruzado (1986), a falecida Sunab (Superintendência Nacional do Abastecimento) incentivava que o povo fosse fiscal para controlar os preços dos produtos no comércio para evitar abusos e garantir que os estabelecimentos respeitassem a política de congelamento de preços imposta pelo Plano Cruzado. Combater a especulação e a remarcação indevida de preços.

Qualquer cidadão poderia atuar como “Fiscal do Povo”, denunciando comerciantes que aumentassem os preços dos produtos sem autorização do governo. Muitas donas de casa aderiram ao movimento e ajudavam a monitorar supermercados e feiras.

Os fiscais anotavam preços e denunciavam os comerciantes que estivessem descumprindo o congelamento. Em alguns casos, as denúncias levavam à intervenção da Sunab, que podia aplicar multas ou até determinar o tabelamento forçado dos preços. Alguns estabelecimentos chegaram a ser fechados por desrespeitarem as regras.

Consequências e fim do programa!

No início, a ideia teve grande apoio popular, mas, com o tempo, o congelamento de preços começou a gerar desabastecimento, pois os comerciantes evitavam vender produtos abaixo do preço real de mercado.

O Plano Cruzado acabou fracassando, e o programa dos Fiscais do Povo perdeu força com a volta da inflação e a necessidade de reajustes de preços.

A experiência demonstrou a dificuldade de controlar artificialmente a economia por meio de medidas de congelamento de preços sem uma estrutura eficiente de fiscalização.

Autor(a): BZN