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Da violência ao crime: a história de Amanda Karoline, que o estado não impediu

18 AGO 2025

Foto: Instagram @amanda_diario

Amanda Karoline, a mulher que em 2016 contratou um pistoleiro para matar o marido após quase uma década de violência doméstica, abriu um canal nas redes sociais para relatar, com suas próprias palavras, a história que a levou ao crime. No espaço, ela mistura denúncia, desabafo e até celebração da trajetória que, segundo diz, teria sido sua única forma de salvar-se.

O caso é emblemático da ineficiência do Estado em proteger vítimas de violência. A cada publicação, Amanda reforça que recorreu ao matador de aluguel porque não encontrou na lei nem na polícia o amparo necessário para escapar do ciclo de abusos. É o retrato cruel de um sistema que, incapaz de agir preventivamente, empurra vítimas para a lógica da “justiça com as próprias mãos”, com consequências trágicas.

Na semana passada, Amanda foi pessoalmente até a casa da avó, em Macaíba, para anunciar que estava livre da tornozeleira eletrônica, que usava em cumprimento da pena no regime semiaberto. Dias antes, havia publicado vídeos mostrando o equipamento, ora como troféu, ora como queixa: em um, exaltava o fato de ainda usá-lo, como se fosse prova de sobrevivência; em outro, criticava as falhas do sistema, que deixava os alarmes dispararem sem qualquer controle efetivo.

Sua narrativa agora mistura literatura, com o livro De Tambaba à Prisão, e redes sociais, numa fronteira delicada entre denúncia social e autopromoção. O que não muda é a questão de fundo: se Amanda tivesse sido amparada pelo Estado quando pediu socorro, talvez não tivesse se tornado ré, presa e, depois, escritora.

Pode ser o reforço do perigo da justiça com as próprias mãos.

Autor(a): BZN



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