No Brasil, o percentual de empreendedoras brancas é de 51% do total. Mas no RN, as mulheres de cor negra totalizam 58% das empreendedoras potiguares, segundo pesquisa do Sebrae

Entre os exemplo, mire-se na produtora de agroecológicos Margarida Sônia. É uma das agricultoras do assentamento Santa Maria, na agrovila Tabuleiro Alto, em Ipanguaçu.

Em 2007, ela se tornou dona do seu próprio negócio: uma área de produção de legumes e hortaliças. “Saí de uma sala infantil, onde eu era cuidadora, para cuidar da minha terra, plantar, e me tornar a Margarida de hoje, uma agricultora”, conta.

Orgulha-se:

- Me considero uma mulher negra, protagonista da minha própria história. Tenho orgulho de ser e exercer a pessoa que sou. Me considero uma pessoa resistente, empoderada. Mas isso só aconteceu depois da oportunidade de ter meu negócio.

Inicialmente, a atividade era para consumo próprio, uma maneira de garantir uma boa alimentação para a família, mas a produção acabava gerando excedente. Daí surgiu a ideia do negócio: oferecer kits de vegetais, com uma variedade de até 35 tipos de hortaliças. “Tiro o sustento da minha família como mulher empreendedora, negra e agricultora que sou, desse sistema de produção. Faz toda diferença na vida dessa família, de resistência”, diz Margarida Sônia, que vive na comunidade com o companheiro e cinco filhos.

Sua trajetória passar por lutas e batalhas, sendo na região uma pioneira nessa ideologia de equidade de gênero. A microempreendedora individual já esteve à frente da  associação de agricultores da agrovila, a coordenadora de políticas voltadas para as mulheres dentro da assistência social do sindicato dos agricultores e chegou até a se candidatar.

Considera:

- Eu posso dizer uma coisa: há 25 anos eu não podia ser assentada em uma área de assentamento, onde eu moro, nem ter o registro da minha candidatura como vereadora. E hoje tudo isso me foi possível, o que é muito gratificante. Como é interessante o papel da mulher na sociedade. A gente já conseguiu muito e precisamos avançar mais. As mulheres têm, sim, que ocupar os seus próprios espaços.

Autor(a): Eliana Lima