22 JUL 2024
O embolador de coco Chico Antônio é certamente um dos maiores ícones da cultura popular do Rio Grande do Norte, revelado ao Brasil e ao mundo pelo escritor e pesquisador modernista Mário de Andrade, que registrou o encontro dos dois em 1929 no livro “O Turista Aprendiz”. Até hoje, são poucos os registros sobre a vida e a obra do coquista, principalmente em vídeo. Porém, um novo produto cultural chega para suprir esse vácuo. Na próxima terça-feira, 23, às 20h, no Teatro Alberto Maranhão, será lançado o documentário “Vamembolá”, filme de Lucila Meirelles e Cid Campos, que estarão presentes no lançamento.
Após a exibição do documentário, está programado um bate-papo com Lucila e Cid, com mediação do artista plástico e educador potiguar João Natal, admirador e pesquisador da obra de Chico Antônio. A entrada é gratuita.
Patrocinado pela Prefeitura do Natal, através da Secretaria Municipal de Cultura (Secult) e Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte), o documentário tem apoio do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, Secretaria Extraordinária de Cultura e Fundação José Augusto. O produto apresenta depoimentos de artistas, amigos, familiares e do próprio Chico Antônio - lembranças, impressões, sentimentos e memórias - numa abordagem experimental-musical.
Experimentalismo sonoro e depoimentos
A direção e o roteiro de “Vamembolá” são da paulista Lucila Meirelles, que conduz quem assiste ao filme por voos nas belas paisagens das cercanias do engenho Bom Jardim, zona rural de Goianinha, próximo a Pedro Velho, onde Chico Antônio entoava seus cocos e onde aconteceu o encontro que encantou o escritor Mário de Andrade.
Para Lucila, as impressões de Mário de Andrade sobre o Nordeste do país trouxeram uma profunda reflexão sobre a realidade cultural do Brasil, um legado inestimável para pesquisa e investigação sobre conhecimentos, hábitos, costumes, comportamentos, saberes e competências do povo brasileiro, na opinião da diretora.
“‘Vamembolá’ foi inspirado no livro ‘O turista aprendiz’, de Mário de Andrade, sob um viés poético e artístico, entrelaçando o real e a ficção, o factual com o surreal. Mário de Andrade transformou Chico Antônio num dos símbolos do Modernismo, cultuado pela intelectualidade dos anos 30 e 40 como um exemplo do talento do artista popular”, comenta a diretora.
A trilha sonora, assinada pelo também paulista Cid Campos, transcria os cocos de Chico Antônio, conferindo contemporaneidade à marcação do ganzá, com remixes e sons eletrônicos. O músico e produtor musical experimenta livre sobre registros de fragmentos da voz já cansada de Chico Antônio, em tratamentos sonoros inspirados, programações de beats e, em algumas faixas, tocando violão, guitarra, baixo, bateria e teclados. Há também uma composição sua, “Vinheta do Sol”.
A produção de “Vamembolá” é da Bobox Produções e Casa de Zoé, com co-produção do Armazém Mídia Artes, apoio da TV Universitária e do Museu do Vaqueiro, e patrocínio da Prefeitura do Natal, através da Secretaria Municipal de Cultura (Secult) e Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte).
"Produzir um filme sobre Chico Antônio no Rio Grande do Norte é, antes de tudo, um reconhecimento do valor histórico e cultural de um dos maiores patrimônios imateriais da cultura popular do estado. Com uma equipe majoritariamente audiovisual potiguar, esse filme foi uma imersão coletiva dessa jornada de cruzamentos entre Chico Antônio e Mário de Andrade", comenta o produtor-executivo do documentário, Arlindo Bezerra.
“Chico Antônio é Marco Zero da cultura popular potiguar. Na efervescência do movimento modernista dos anos de 1920 virou personagem do romance “Café” de Mário de Andrade que celebrou e comparou sua voz a do tenor italiano Enrico Caruso. O autor de “Macunaíma” se relacionou presencialmente com o embolador e o fixou definitivamente”, comenta Dácio Galvão, Secretário de Cultura de Natal.
Autor(a): BZN