O texto é do jornalista Alex Medeiros, frequentador assíduo e dileto amigo do proprietário do Nemésio, Pio Morquecho:

- A foto abaixo com meus filhos serviu de cartão de boas festas que enviei a amigos há alguns anos, pouco antes da pandemia. Estou postando agora, nesta quinta-feira destinada ao #tbt e sua função de resgatar passado e saudades, para anunciar aos diletos amigos e seguidores que o cenário da foto vai desaparecer no próximo domingo.

O Restaurante Nemesio, que por mais de três décadas foi uma espécie de point de confrarias e templo de convivência fraterna, vai fechar para dar lugar a mais uma unidade do Zeh Cozinha, a casa que assim como o Nemesio é referência gastronômica em Natal.

Depois de 70 anos de atividades, somando-se o tempo primordial do Granada Bar quando fundado pelo espanhol natalense Nemesio Morquecho lá na década de 1950, o Restaurante Nemesio (nome adotado pouco tempo depois) fechará suas portas no domingo, 23, e dará lugar à nova administração e nova marca.

A casa vinha sendo tocada desde os anos 1990 pelo herdeiro Pio Morquecho, que engavetou o diploma de arquitetura para auxiliar o pai no trato com a clientela. Eu e tantos amigos começamos a nos nutrir da cozinha e do ambiente, nos aspectos alimentício e social, desde quando o velho Nemesio ainda conduzia as insígnias de comandante-anfitrião.

Depois continuamos sob a atenção de Pio até os dias atuais, compartilhando o sabor das amizades e as boas conversas diárias, doces ou ácidas, tudo de acordo com a vasta pauta das confrarias ali instaladas. O Restaurante Nemesio foi nesse tempo todo um terceiro expediente da gente, uma tribuna de todas as visões de mundo, e, por que não?, uma segunda casa para repor energia, alimentar o bom humor e a ironia, nutrir o pensamento e saciar a fome do corpo e a sede da alma.

O próximo sábado vai ser de despedida, a última ceia e a derradeira resenha. Um momento que será  impossível de evitar que em cada um de nós ocorra uma erupção de lembranças dos muitos anos e dos incontáveis encontros que tivemos ali.

A saudade irá bater nos dias vindouros, ainda bem. O que seria de nós se não houvesse a saudade no seu milagre de nos fazer viver de novo os dias felizes.

Autor(a): BZN