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Ex-segurança de Putin revela as paranóias do presidente russo

06 ABR 2023

Foto: Credencial de Karakulov no FSO, divulgada pelo Dossier Center

A CNN Portugal repercute a entrevista de Gleb Karakulov, 36 anos, ao Dossier Center. O jornal The Guardian confirmou que ele é procurado pelo Ministério do Interior da Rússia e trabalhou durante vários anos como responsável pela segurança de Vladimir Putin. 


Em outubro do ano passado, Karakulov desertou durante uma viagem de Putin ao Cazaquistão, abandonando a vida de capitão do Serviço Federal de Segurança (FSO, na sigla em inglês) e agora revela detalhes da vida "paranóica" do presidente russo. 


Gleb Karakulov começa a entrevista dizendo que Putin é um presidente que "perdeu o contato com o mundo" e vive "um medo patológico pela sua vida".


Informa que o presidente russo tem escritórios idênticos em São Petersburgo, Sochi e Nova-Ogaryovo; viaja em comboio por uma rede de caminhos de ferro secreta e tem uma rede de comunicações encriptadas. Rede que foi estabelecida por Karakulov "nas aeronaves, nos helicópteros, nos iates" e até no "comboio especial".


Sobre o que é "comboio especial", disse se tratar de "um comboio que está sob o comando do presidente". "Parece um comboio como todos os outros - cinza, com uma faixa vermelha”, e "não é rastreado", ao contrário dos aviões, por exemplo.


Revelou que os serviços de inteligência costumam utilizar automóveis e aeronaves disfarçadas para "confundir" os inimigos: “É um estratagema para confundir os serviços de inteligência externos e para prevenir um atentado contra a sua vida".


Disse que Putin faz exigências de segurança por ter receio de ser alvo de atentado. E constantemente cumpre quarentenas, sobretudo desde o início da pandemia de covid-19. "Nós [funcionários do Kremlin] temos mesmo de fazer quarentena duas semanas antes de qualquer evento, mesmo se [o evento] durar apenas 15 ou 20 minutos."


Questionado sobre a guerra na Ucrânia, se notou alguma vez qualquer indício de que Putin daria ordens para invadir o país,  o engenheiro conta não “havia absolutamente nada em termos de ações, nenhum pré-requisito, em específico nas ações pessoais de Putin. Mas, pelas ações transmitidas pelos media, já tinha percebido claramente que alguma coisa iria acontecer. Mas nunca pensei que fosse uma guerra em grande escala."


Doenças 


Karakulov afirmou que Putin não é mais o mesmo presidente que conheceu em 2009. "Pelo seu comportamento, são duas pessoas diferentes. Ou seja, nós lembramo-nos como o ex-diretor do FSB que se tornou primeiro-ministro e depois presidente era enérgico e ativo. Agora ele está muito fechado. Ele protegeu-se do mundo inteiro com todos os tipos de barreiras - a quarentena, a falta de informação. A sua percepção da realidade foi distorcida".


Diz mais


- O nosso presidente perdeu o contacto com o mundo. Nos últimos anos, ele tem estado a viver numa bolha de informação, a passar mais tempo nas suas residências - que os media designam muito apropriadamente como ‘bunkers’. Ele vive num medo patológico pela sua vida. Ele rodeia-se de uma barreira impenetrável de quarentenas e de um vácuo de informações. Apenas valoriza a sua própria vida, a da sua família e a dos seus amigos."


E que Putin "se transformou num criminoso de guerra" e que apelou aos seus antigos colegas no FSO para que divulguem aquilo que sabem: "Vocês têm informações que não são transmitidas pela televisão. E eu apenas vi uma parte ínfima dessa informação. Vocês podem ajudar os cidadãos a saber a verdade. Eu tenho a certeza de que já se questionaram sobre as ações do comandante supremo, mas o juramento obrigou-vos a não questionar e a seguir as ordens. Mas o que está acontecer agora vai além de todos os limites. Vocês não devem cumprir ordens criminais e não devem servir este criminoso de guerra - Vladimir Putin. Eu considero-o um criminoso de guerra".

Autor(a): Eliana Lima



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