Justiça

Filipe Martins diz ter sido usado como bode expiatório por Mauro Cid

24 JUL 2025

Foto: Arthur Max/Ministério das Relações Exteriores e Lula Marques/Agência Brasil

O ex-assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Filipe Martins, afirmou nesta quinta-feira (24) ter sido usado como bode expiatório pelo tenente-coronel Mauro Cid em sua delação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022.

Durante depoimento que durou mais de quatro horas, Martins disse nunca ter participado da reunião de 7 de dezembro de 2022, em que, segundo Mauro Cid, ele teria apresentado uma minuta de decreto golpista ao então presidente e a comandantes das Forças Armadas.

Martins argumentou que apenas a palavra de Cid sustenta essa acusação, e citou pareceres da Polícia Federal (PF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR) que questionam a credibilidade da delação. “Tenho a convicção de que ele procurou bodes expiatórios, me colocando numa reunião em que eu nunca estive”, afirmou.

O ex-assessor é um dos seis réus do chamado "núcleo 2" da trama golpista, acusado pela PGR de integrar um grupo de assessores de alto escalão que teria atuado no planejamento e na execução de medidas contra o resultado eleitoral. Os réus respondem por cinco crimes: organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado, com penas que, somadas, podem ultrapassar 30 anos de prisão.

Filipe Martins também criticou a PGR por sua prisão preventiva, que durou mais de seis meses entre fevereiro e agosto do ano passado. Ele foi preso após a PF encontrar, na nuvem de dados de Mauro Cid, uma lista preliminar de passageiros do voo presidencial de 30 de dezembro de 2022, que levou Bolsonaro aos Estados Unidos. A defesa sustenta que a inclusão do nome de Martins na denúncia foi uma tentativa de justificar essa prisão, mesmo com provas de que ele não deixou o país.

Tanto Mauro Cid quanto o ex-chefe do cerimonial da Presidência, embaixador André Chermont, confirmaram que Martins não embarcaria naquele voo e não constava da lista final de passageiros.

Autor(a): BZN



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