04 ABR 2023
A potiguar Celina Guimarães Vianna (1890-1972) foi a primeira mulher no Brasil a registrar inscrição para votação eleitoral.
Estava com 29 anos no advento da Lei nº 660, de 25 de outubro de 1927, por iniciativa do governador Juvenal Lamartine, que fez do RN o primeiro estado brasileiro a estabelecer que não haveria distinção de sexo para o exercício do sufrágio.
De acordo com estudos do escritor e advogado João Batista Cascudo Rodrigues (1934-2009), o juiz Israel Ferreira Nunes acatou o pedido de Celina, considerando que satisfez “as exigências da lei para ser eleitora” e determinou a inclusão do nome dela na “lista de eleitores". Documento escrito à mão, com caneta tinteiro em folha pautada, que foi incluído no acervo do Museu Histórico Lauro da Escóssia, em Mossoró.
Assim, o nome de Celina foi inscrito no dia 25 de novembro de 1927, em Mossoró. Fato que repercutiu mundialmente, por se tratar não somente da primeira eleitora do Brasil, como também da América Latina.
Além de primeira eleitora a se registrar no Brasil e na América do Sul, foi a primeira a depositar o voto na urna, no dia 5 de abril de 1928. Mesmo dia em que outras mulheres, com nomes já registrados como eleitoras inspiradas por Celina. Na foto, Integrantes do movimento sufragista do RN.
No dia 5 de abril de 1928 também votaram no estado:
- Beatriz Leite e Eliza da Rocha Gurgel (Mossoró), Antônia Fontoura, Carolina Wanderley, Júlia Barbosa e Lourdes Lamartine (Natal), Maria Salomé Diógenes e Hilda Lopes de Oliveira (Apodi), Carolina Fernandes Negreiros, Clotilde Ramalho, Francisca Dantas e Joana Cacilda Bessa (Pau dos Ferros), Júlia Medeiros em Caicó, Martha Medeiros em Acari.
Eleições em que foram eleitas as primeiras vereadoras do Brasil, na época chamadas de Intendente Municipal. Júlia Barbosa foi eleita em Natal e Joana Cacilda em Pau dos Ferros, segundo pesquisa da Agência Câmara de Notícias.
Celina participava com outras mulheres do movimento sufragista, que lutava, assim como Bertha Lutz, por reivindicações feministas, como igualdade de direitos, que desembarcou em Natal em campanha pelo voto feminino.
Embora seja um marco para a história brasileira e das mulheres, nem todas tinham acesso ao voto, pois precisavam ser alfabetizadas, algo que só as da classe média alta conseguiam.
Em tempo
Celina Guimarães nasceu em Natal. Em 1912 se mudou para Acari, e, dois anos depois, para Mossoró, na companhia do marido, o também professor Elyseu de Oliveira Viana — ambos se conheceram na Escola Normal de Natal.
A potiguar já fazia a diferença na educação. Trocou a palmatória, usada na época para disciplinar, pelo teatro, como técnica pedagógica, por exemplo.
Autor(a): Eliana Lima