18 MAI 2024
A BBC News Brasil ouviu especialistas da área econômica sobre os investimentos anunciados pelo presidente Lula da Silva para a reconstrução do Rio Grande do Sul e sua população, diante da tragédia provocada por enchentes.
Informa o veículo:
- Pressionado a reagir com a agilidade à destruição sem precedentes do Rio Grande do Sul, o governo federal tem anunciado dezenas de bilhões de reais em ações de socorro ao Estado, que incluem linhas de crédito (empréstimos a empresas e produtores rurais), recuperação de estradas, compras de medicamentos, auxílio direto a famílias no valor de R$ 5,1 mil e a suspensão do pagamento da dívida gaúcha com a União.
Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que as medidas têm ido na direção certa, embora ainda sejam insuficientes diante do tamanho da catástrofe – algo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconhece.
O valor total das medidas anunciadas, porém, não está claro, devido a informações imprecisas e contraditórias divulgadas pelo governo.
Uma análise feita pela BBC News Brasil – e corroborada por especialistas em contas públicas ouvidos pela reportagem – identificou que conteúdos de canais oficiais, como o portal Gov.br e perfis de autoridades em redes sociais, superestimam o esforço federal no socorro ao Rio Grande do Sul.
Na avaliação de economistas entrevistados, a comunicação da gestão Lula está inflando em dezenas de bilhões de reais os valores federais disponibilizados ao considerar que linhas de crédito anunciadas, operadas por bancos públicos e privados, seriam "investimentos do governo federal" ou "recursos destinados" ao Estado.
Além disso, canais oficiais do governo e de ministros de Estado divulgaram a partir de domingo (12/5) que o governo já teria destinado mais de R$ 62 bilhões em ações para enfrentar a crise socioambiental gaúcha, sem detalhar o que está contabilizado nesses valores.
Para um dos especialistas em contas públicas entrevistados, esse cálculo teria contabilizado algumas ações duas vezes, inflando os números em ao menos R$ 7 bilhões.
As críticas vão desde economistas ligados à esquerda, como o consultor do PSOL na Câmara dos Deputados David Deccache, a especialistas com perfil liberal, como o ex-diretor da Instituição Fiscal Independe (órgão do Senado) Gabriel de Barros.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) não respondeu sobre as críticas de que a comunicação do governo estaria inflando os valores e disse que a Casa Civil responderia sobre as medidas anunciadas.
Já a Casa Civil respondeu que "todos os dados fornecidos pelo governo são claros e transparentes, desde a divulgação das primeiras ações".
O órgão também disse que "a decisão do Governo Federal de ofertar linhas de créditos é fundamental para o processo de retomada das atividades do setor produtivo gaúcho", sem responder diretamente sobre as críticas de que o governo estaria divulgando potenciais empréstimos sem recursos da União como "investimentos federais".
"Reiteramos que todos os esforços são realizados para ajudar o povo gaúcho nesse momento de extrema dificuldade", acrescentou a Casa Civil.
Já o Ministério da Fazenda informou à reportagem que deletou uma post em sua rede social e corrigiu um texto publicado no seu portal de notícias que erroneamente se referiam a um pacote anunciado pelo governo de R$ 50,9 bilhões como "recursos cedidos ao Estado” do Rio Grande do Sul.
A grande maioria desses valores corresponde, na verdade, a linhas de crédito (empréstimos a empresas e produtores rurais) e adiamento de impostos (que deverão ser pagos depois).
Matéria completa aqui.
Autor(a): BZN