Política

“Jair Bolsonaro: Uma Revisão Necessária ou Esquecimento?”, por Stephen Kanitz

17 JUL 2023

Foto: Twitter Stephen Kanitz

Administrador de empresas formado pela Harvard Business School, escritor, professor titular aposentado da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e da USP, consultor de empresas e conferencista, Stephen Kanitz analisou, com texto em seu blog, sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ).


Íntegra da análise:


- Jair Bolsonaro, enquanto Presidente, foi alvo de ataques  incansáveis, sem precedentes na história política brasileira, tanto antes como depois da sua eleição.


O sistema político, indiferente à vontade popular, em vez de apoiar iniciativas não-partidárias, declarou uma guerra constante e descaradamente anti-democrática desde o início do seu mandato.


A derrota nas urnas deveria ser acompanhada pela responsabilidade democrática de não obstruir ações progressistas do presidente eleito. 


Mas este caso foi uma exceção gritante. Até tentaram acabar com sua vida antes mesmo de se eleger.


Bolsonaro, um candidato assumidamente anti-comunista e orgulhosamente brasileiro, se opôs a um sistema composto por economistas e políticos que exibiam um orgulho ideológico e uma vergonha de serem brasileiros.


Qualquer eleitor brasileiro  perceberia que Bolsonaro tinha um caminho íngreme para trilhar, a menos que contasse com um suporte maciço de liberais e progressistas - algo que  não aconteceu.


O foco dos intelectuais e mídia foi na crítica voraz às suas declarações, enquanto suas ações, muitas vezes desconhecidas pelo grande público, eram negligenciadas.


A mídia falhou em destacar seus êxitos, ao passo que suas gafes verbais e comentários politicamente controversos eram amplamente divulgados.


Nas raras ocasiões em que uma reportagem favorável era produzida, ela sempre era seguida por um “mas...”.


Frente a isso, Bolsonaro reagiu sem muito sucesso. Ele enxergava tal comportamento como uma ameaça à democracia e enfrentou sozinho a mídia, criticado por ter feito isso por muitos até hoje. 


Bolsonaro cometeu de fato o erro de se expor excessivamente em entrevistas e lives para responder às acusações e destacar suas realizações. 


Esse dever deveria ter sido dos que votaram nele, da imprensa, de sua equipe de comunicação, da classe média, dos jornalistas, de seus eleitores, e não do próprio Bolsonaro, que não poderia falar bem de si. Isso cabe aos outros


Hoje, Bolsonaro foi afastado da política, derrubado pelo sistema e sua base eleitoral de 55 milhões de eleitores perderam seus direitos políticos de votarem nele, sem , pasmem, protestar. 


A questão então que surge é: vale a pena reconstruir a figura de Bolsonaro e sua equipe, destacando a verdade de seu governo e suas conquistas nunca divulgadas? 


Ou seria mais vantajoso focar em outros nomes e simplesmente esquecer Bolsonaro?


Por uma questão de justiça, a resposta é um retumbante um 'não'. 


Sua luta contra o autoritarismo do Estado, sua defesa do liberalismo e do direito de escolha, independentemente da aprovação do seu estilo de comunicação, merecem ser documentadas e não apagadas.


Bolsonaro foi o presidente que mais pavimentou um caminho possível para este país, apostando na força do pequeno empreendedor, incluindo os trabalhadores invisíveis de rua vendendo flores, em vez acreditar no  suposto poder “indutor” do Estado e seus economistas oniscientes.


É chocante ver tantos indivíduos da classe média, incluindo advogados, jornalistas, médicos e engenheiros, que deveriam ser informados, não perceberem o que aconteceu com nosso futuro a longo prazo.


Pior ainda, muitos consideram Bolsonaro como o pior presidente da história - um abismo cognitivo impressionante.


Todos que acreditam em uma visão realista da história deveriam revisitar o governo de Bolsonaro com serenidade e dados concretos dos efeitos obtidos.


Não foi um governo que deveria ser esquecido como será. 


Bolsonaro não era o candidato da direita ou dos liberais, que nem o propuseram. 


Ele se elegeu sem o apoio destes e sem defesa conjunta quando cometia seus erros.


Bolsonaro não era meu candidato ideal para implementar o Comunitarismo que acredito, mas era o melhor que tínhamos à disposição naquele momento.


Não é necessário ser um apoiador de Bolsonaro.


Você só precisa ser intelectualmente aberto para compreender que não há governo ou presidente perfeito.

Autor(a): BZN



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