O jornalista mossoroense Marlos Ápyus, que há anos atua em São Paulo, com passagem pelo O Antagonista, lembra o material de campanha do PT e armamento pesado encontrados no cativeiro em que sequestradores colocaram o empresário Abilio Diniz, em 1989. Mais o protesto de artistas da Globo para não ser divulgado, e detalha o que ocorreu à época. O jornal Estadão divulgou em detalhes.

Segue sua sequência dos posts de Ápyus no Twitter:

- O cativeiro onde Abílio Diniz se encontrava refém foi descoberto na véspera do segundo turno da eleição de 1989. Em um segundo esconderijo dos sequestradores, policiais encontraram material de propaganda do PT.

De imediato, artistas contratados da própria Globo protestaram na sede da emissora contra a divulgação da informação, mas receberam do jornalismo da empresa a garantia de que o Jornal Nacional só noticiaria o fato caso alguma autoridade o confirmasse, o que não aconteceu a tempo da edição.

No domingo, o Estadão noticiou em capa que a casa alugada pelos sequestradores teve um padre simpatizante do PT como avalista.

O sequestro só teve fim quando outro religioso simpatizante do PT (Dom Paulo Evaristo Arns) convenceu os sequestradores a se renderem.

Na matéria do Estadão, uma autoridade especulava que o material de propaganda foi colocado no cativeiro pelos próprios sequestradores para que se beneficiassem de alguma proteção política caso descobertos. O irmão da vítima, no entanto, sustentava que o PT teria participado do sequestro do empresário.

Tudo o que trago aqui foi registrado por Mario Sergio Conti no Notícias do Planalto. Mas, em mesa de bar, eu ouvia garantias de amigos petistas (que com certeza não sabiam do que falavam) que o material de campanha havia sido plantando por policiais para incriminar o PT.

Agora, na eleição mais importante de nossa história, Lula achou necessário não só desenterrar essa história, como esclarecer que ele próprio, juntamente com Renan Calheiros e Fernando Henrique Cardoso, teriam sido responsáveis pela libertação dos sequestradores anos depois.

Eu estou há meia hora me perguntando se devo publicar esta thread, pois sei do risco de virar munição eleitoral para bolsonaristas. Este é um cuidado que o líder na corrida presidencial não tem, talvez por confiar demais na vitória — que já escapou das mãos dele 4 vezes.

Ou talvez por faltar no entorno do candidato conselheiros que domem a boca do falastrão. Sendo este o caso, que o time seja reforçado.

Em tempo

Marlos Ápyus é jornalista e músico. Nasceu em Mossoró (RN), formou-se em Natal, trabalha em São Paulo. É co-fundador e editor d'A Agência. Coleciona passagens em veículos alternativos como O Antagonista, Implicante e Senso Incomum.

Autor(a): Eliana Lima