Em maio passado, a juíza Ludmila Grilo foi aposentada compulsoriamente Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), com salário proporcional ao tempo de contribuição, sob a justificativa de violação aos deveres do magistrado. Muito por sua atuação polêmica na redes sociais.

Antes, fora afastada das funções pelo CNJ e também das redes sociais, em decisão do ministro Alexandre de Moraes (STF).

Eis que a magistrada volta em nova rede, chamada Locals, e sua primeira postagem, sábado (16), teve gigante repercussão. Na mira, seu algoz AM.

O texto:

- Alexandre: mesmo bloqueada, eu continuo pautando o que eu quiser.

Entenda, Alexandre;

Há 1 ano, você usou a força estatal para bloquear minhas redes sociais porque não suporta ser criticado. Certo. Em ditaduras, é assim mesmo.

Compreenda, entretanto, uma coisa. Mesmo bloqueada, eu continuo tendo o poder de pautar o que eu quiser. Repito: O QUE EU QUISER.

Ontem à noite, depois de muito tempo em silêncio, eu publiquei um texto sobre os crimes contra a humanidade cometidos no Brasil por força e obra do STF, enquadrando vocês no Estatuto de Roma. Só pra você saber: fiz a publicação nos mesmos perfis que você bloqueou. 

Embora você não queira, o texto circulou. Menos de 24h depois, um advogado publicou um texto longo enquadrando o STF nos…crimes contra a humanidade previstos no Estatuto de Roma (link nos comentários).

E ainda: um professor anunciou, hoje mais cedo, uma aula sobre o Tribunal Penal Internacional p ara amanhã (link nos comentários).

Compreenda uma coisa, Alexandre: a verdade é como um tsunami. Não adianta tentar bloqueá-la com uma represa de pedrinhas soltas.

Estou voltando, agora, bloqueada ou não, para continuar pautando tudo aquilo que a ditadura judicial quer esconder.

Pois bem

Diante da repercussão do seu texto, ela escreveu, nesta quarta-feira (20):

- Meu Locals foi notícia em pelo menos três jornais

Nunca imaginei que a simples abertura de um perfil em uma rede social por uma pessoa comum pudesse ser notícia.

Mesmo celebridades como atores de Hollywood, cantores, bandas de rock não viram notícia quando abrem uma continha no Instagram. Eles simplesmente criam um perfil e a galera começa a seguir, naturalmente. Isso não é um evento noticiável.

Comigo, entretanto, isso foi notícia. E isso tem uma evidente razão de ser.

Primeiro, porque se trata de um alvo com todas as redes sociais censuradas no Brasil pela ditadura da Suprema Corte, que reapareceu após um ano de bloqueio, mesmo com a censura vigente, correndo todos os riscos decorrentes desta conduta.

Segundo, porque muitos veem nisso uma esperança, uma demonstração de resiliência incomum em ditaduras com essa que vivemos no Brasil.

Eu não pedi a nenhum jornal que noticiasse nada. Essas coisas acontecem independentemente da minha vontade, simplesmente por fazer o certo.

Fazer o certo, hoje, dá até notícia.

Autor(a): BZN