17 JUN 2025
Na formatura dos mais de 600 novos policiais rodoviários federais realizada nessa segunda-feira (16), em Florianópolis, o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça) elogiou publicamente o diretor da Polícia Federal, e não o da instituição anfitriã, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), cujo diretor-geral, Antônio Fernando Oliveira, estava presente. Constrangimento e indignação ecoaram silenciosamente.
O episódio soma-se à polêmica declaração de Lewandowski em fevereiro, quando afirmou que poderiam “chamar essa polícia do que quiserem”, em referência à PRF. A fala foi interpretada como tentativa de diluir a identidade de uma força centenária, com papel fundamental na segurança pública nacional.
A cerimônia desta semana marcou o encerramento do Curso de Formação Policial 2025, que envolveu 27 disciplinas técnicas e operacionais, uma das formações mais rigorosas entre as forças de segurança.
Nos escaninhos das forças, insatisfação geral diante do bafafá de que o ministro pretende promover uma reestruturação profunda na PRF, transformando-a em um braço da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), o que enfraqueceria sua autonomia. A mudança é vista com preocupação por parte da corporação, que teme perda de identidade e relevância institucional.
Diante de tudo isso, cresce dentro e fora da PRF a avaliação de que Lewandowski é o ministro da Justiça mais desconectado das forças policiais desde a redemocratização. E o silêncio do atual diretor-geral diante desses gestos e planos apenas reforça a sensação de que a PRF está sendo empurrada para o segundo plano.
A PRF, que se aproxima dos 100 anos de existência, merece respeito, e não ser desmontada simbolicamente no palco do próprio curso de formação.
Autor(a): BZN