Política

Lula celebra o golpe de Estado político-militar de 1889, que teve incentivo na supervalorização da ciência

15 NOV 2023

No país das contradições, a máxima que cai como uma luva; “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.


A esquerda brasileira ecoa a doce palavra democracia quando tenta convencer interesses dos líderes. Mas, como mesmo disse Lula, a democracia para eles é relativa.


Senão, vejamos: bradam contra a ditadura, mas são unha e cutícula com tiranos ditadores. Esquecem de falar sobre o golpe de 10 de novembro de 1937, em que o ditador Getúlio Vargas instituiu o Estado Novo.


Remetem a 1964 para bradar horror ao ‘golpe’ militar, sem contar que existia um apelo popular contra a esquerda sob a batuta do então presidente João Goulart, o Jango, que iniciou sua carreira na política por influência de Getúlio Vargas.


E apagaram da história como ocorreu o golpe de Estado político-militar em 15 de novembro de 1889, que encerrou a monarquia constitucional parlamentarista do Império, destituindo o então chefe de Estado, imperador D. Pedro II, que recebeu ordens de partir para o exílio na Europa.


A história conta a Proclamação da República como se não tivesse existido um golpe. E desde então a data é celebrada no Brasil. Com até feriado.


A proclamação ocorreu na Praça da Aclamação (atual Praça da República), na cidade do Rio de Janeiro, pelo marechal Deodoro da Fonseca, acompanhado por uma tropa de cerca de mil militares. 


O marechal deu prazo para que a família real deixasse o Brasil e assumiu o poder no país, instituindo um governo provisório republicano, que se tornaria a Primeira República Brasileira.


A Fundação Getúlio Vargas conta que, ao contrário do que estudamos nos bancos escolares, “não havia uma maioria republicana no país e nem mesmo unidade entre os militares. De fato, apenas uma pequena fração do Exército, e com características muito específicas, esteve envolvida na conspiração republicana. O golpe de 1889 foi um momento-chave no surgimento dos militares como protagonistas no cenário político brasileiro”. 


Continua: 


- Havia muitos republicanos civis no final do Império, mas eles estiveram praticamente ausentes da conspiração. O golpe republicano foi sem dúvida militar, em sua organização e execução. No entanto, ele foi fruto da ação de apenas alguns militares.


- Quase não houve participação da Marinha, nem de indivíduos situados na base da hierarquia militar (as "praças", como os soldados ou sargentos). Mas isso não significa que o movimento foi promovido por oficiais situados no topo da hierarquia. Dos generais, apenas Deodoro da Fonseca esteve presente. Os oficiais superiores podiam ser contados nos dedos, e o que mais se destacou entre eles não exercia posição de comando de tropa: trata-se do tenente-coronel Benjamin Constant, professor de matemática na Escola Militar.


- Quem foram, então, os militares que conspiraram pela República e se dirigiram ao Campo de Santana na manhã do dia 15 de novembro de 1889 dispostos a derrubar o Império? Basicamente, um conjunto de oficiais de patentes inferiores do Exército (alferes-alunos, tenentes e capitães) que possuíam educação superior ou "científica" obtida durante o curso da Escola Militar, então localizada na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Na linguagem da época, a "mocidade militar".


- Formados pela Escola Militar da Praia Vermelha, esses jovens contavam com dois poderosos elementos de coesão social: a mentalidade "cientificista" predominante na cultura escolar e a valorização do mérito pessoal. Esses elementos culturais informaram a ação política que levou ao fim da monarquia e à instauração de um regime republicano no Brasil.


Diz mais:


- A supervalorização da ciência, ou "cientificismo", expressava-se na própria maneira pela qual os alunos se referiam informalmente à Escola Militar - "Tabernáculo da Ciência" -, deixando desde logo evidente a alta estima que tinham pelo estudo científico. 


- É importante observar que a Escola Militar foi durante muito tempo a única escola de engenharia do Império. Como a Escola Militar não era passagem obrigatória para a ascensão na carreira militar, havia um fosso entre os oficiais nela formados e o restante (a maioria) da oficialidade do Exército, sem estudos superiores, mais ligado à vida na caserna, com a tropa.

Autor(a): BZN



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