29 SET 2020
Cerca de 4,25 milhões de domicílios brasileiros sobreviveram em agosto apenas com a renda do auxílio emergencial de R﹩ 600, concedido pelo governo federal, aponto estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), publicado hoje (29).
A ajuda financeira também foi suficiente para superar em 41% a perda da massa salarial entre as pessoas que permaneceram ocupadas.
Entre os domicílios mais pobres, os rendimentos atingiram 132% do que seriam com as rendas habituais em agosto.
Em comparação com o mês anterior, a redução da diferença entre a renda efetiva e a habitual foi generalizada.
De modo geral, informa o Ipea, os trabalhadores receberam em agosto 89,4% dos rendimentos habituais (2,3 pontos percentuais acima de julho) - R﹩ 2.132 em média, contra uma renda habitual de R﹩ 2.384. Já os trabalhadores do setor privado sem carteira assinada receberam 86,1% do habitual (contra 85% no mês anterior). Trabalhadores do setor privado com carteira e funcionários públicos continuaram a obter, em média, mais de 94% do rendimento habitual.
A recuperação do nível de renda foi maior entre os trabalhadores por conta própria, que receberam em agosto 76% do que habitualmente recebiam, contra 72% em julho, alcançando rendimentos efetivos médios de R﹩ 1.486. Ainda que tenham recuperado parcela mais significativa da perda salarial devida à pandemia, os conta-própria continuam tendo um dos menores índices de renda efetiva. Um exemplo são os cabeleireiros - os trabalhadores de tratamento de beleza e serviços pessoais receberam em agosto apenas 68,6% da renda habitual, auferindo uma renda média de R﹩ 1.072. O resultado, porém, é melhor que o de julho, quando receberam 60% da renda habitual.
Outros grupos que sofreram muito com a pandemia, mas que apresentaram maior recuperação em seus rendimentos, são os trabalhadores de atividades artísticas, esportivas e recreação (crescimento de 15% da renda); atividades imobiliárias (aumento de 20%); hospedagem (10,5%); serviços de alimentação (7,1%); e transporte de passageiros (7,3%). Os trabalhadores menos afetados pela pandemia encontram-se na administração pública, na indústria extrativa, nos serviços de utilidade pública, na educação, em serviços financeiros e armazenamento, nos correios e nos serviços de entrega.
A pesquisa traz os dados por região, gênero, idade e escolaridade. No Nordeste, a renda efetiva subiu de 86,7% do habitual em julho para 89,6% em agosto, enquanto o Centro-Oeste continua sendo a região menos impactada (91,8%). O efeito da pandemia continua mais severo entre os idosos (85,6%) e menor entre os mais jovens (90,8%), e o impacto foi menor entre aqueles com ensino médio ou superior (89% para trabalhadores com médio completo e 91,1% para aqueles com ensino superior).
Autor(a): Eliana Lima