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Mais de 50 pessoas em condições análogas à escravidão são resgatadas no Rio Grande do Sul

12 MAR 2023

Foto: Reprodução/PF

Uma operação conjunta entre a Polícia Federal (PF), Ministério Público do Trabalho e a Gerência Regional do Trabalho resgatou, na tarde dessa sexta-feira (10), 56 trabalhadores em condições análogas à escravidão em duas fazendas de arroz no interior do Rio Grande do Sul, em Uruguaiana. Segundo dados da fiscalização do trabalho, este é o maior resgate já registrado no município.

Dos resgatados, todos homens, dez eram adolescentes com idades entre 14 e 17 anos. A operação foi realizada em duas propriedades rurais após uma denúncia informar a presença dos jovens na propriedade, trabalhando sem carteira assinada. O grupo móvel de fiscalização se dirigiu ao local e encontrou não apenas os adolescentes, mas trabalhadores adultos em situação análoga à escravidão.

Os trabalhadores eram da própria região, oriundos de Itaqui, São Borja, Alegrete e da própria Uruguaiana. Eles faziam o corte manual do arroz vermelho com instrumentos completamente inapropriados (muitos usavam apenas uma faca doméstica de serrinha), além de aplicar agrotóxicos com as mãos. Em uma das propriedades, era feita a aplicação de veneno pelo método de "barra", em que dois trabalhadores aplicam o agrotóxico usando uma barra metálica perfurada conectada a latas do produto, um tipo de atividade que exige equipamentos individuais de proteção.

Além disso, os trabalhadores muitas vezes precisavam andar 50 minutos em pleno sol até chegar ao local de trabalho. A comida e as ferramentas de trabalho eram por conta dos empregados. Nessas condições, a comida estragava constantemente e os trabalhadores não comiam nada o dia inteiro. Se algum deles adoecesse, teria remuneração descontada.

O empregador foi preso em flagrante por redução à condição análoga a de escravo (Art. 149 do Código Penal), conduzido à Polícia Federal e será encaminhado ao Sistema Penitenciário.

Os trabalhadores vão receber de imediato três parcelas de seguro-desemprego. Os empregadores serão notificados para assinar a carteira de trabalho dos resgatados e pagar as devidas verbas rescisórias. O MPT vai pleitear depois disso pagamentos de indenizações por danos morais individuais e coletivos.

Autor(a): Marcos Pinto
Fonte: Polícia Federal



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