01 JUL 2024
A polícia da França, Holanda e Espanha fez buscas nos escritórios da empresa francesa de armamento Thales, na semana passada, numa megaoperação com lupas sobre suspeita de corrupção envolvendo a venda de armas no exterior, principalmente para o Brasil, informam agências de notícias estrangeiras, como a AFP e a emissora francesa BFMTV.
Segundo a AFP, a primeira investigação foi aberta no final de 2016, por suspeita de corrupção de uma autoridade estrangeira, associação criminosa e lavagem de dinheiro, envolvendo a venda de submarinos e a construção da base naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro.
Conforme a CNN, o foco das investigações é a corrupção de funcionários brasileiros, ainda não identificados, na aquisição de equipamentos da Thales.
A segunda foi aberta em junho de 2023, com delitos semelhantes ligados à venda de equipamentos militares e civis no exterior.
A CNN também informa que de acordo com “Roberto Caiafa, correspondente no Brasil do Infodefensa, portal espanhol de notícias de defesa, já havia denúncias em relação ao programa de submarino brasileiro Prosub. Ainda segundo ele, as novas suspeitas recaem sobre o fornecimento ao Brasil de radares fabricados pela Thales na cidade de Hengelo, na Holanda”.
Diz ainda que “o presidente Lula, no seu segundo mandato, decidiu comprar equipamentos fabricados pela Thales em parceria com a italiana Alenia Space para a construção, em Cannes, na França, do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas 1 (SGDC-1)”.
E que informação do jornal francês Le Figaro indica que “durante a visita oficial ao Rio de Janeiro em 2008, o então presidente francês Nicolas Sarkozy assinou com Lula contrato para a venda de quatro submarinos de propulsão convencional do tipo Scorpène, por um valor estimado na época em 5,2 bilhões de euros. Esses submarinos deveriam integrar componentes da Thales. Três deles já foram entregue. Uma segunda parte da parceria visava a construção da base naval de submarinos em Itaguaí, inaugurada em 2018”
À Reuters, um porta-voz da Thales confirmou que foram realizadas buscas, mas não deu mais detalhes além de dizer que a empresa estava cooperando com as autoridades, e que a “empresa desenvolveu e implementou um programa de conformidade global que atende aos mais altos padrões do setor." As investigações ainda estão em andamento.
De acordo com a BFMTV, as operações foram decididas por 12 magistrados do Ministério Público Financeiro nacional e mobilizaram 65 investigadores do OCLCIFF (Gabinete Central de Combate à Corrupção e Contra-ordenações Financeiras e Fiscais), com a colaboração das autoridades holandesas e os tribunais espanhóis, e a coordenação da Eurojust, a agência da União Europeia para a cooperação judiciária em matéria penal.
A CNN procurou o Ministério da Defesa brasileiro para comentar o caso e aguarda resposta.
Autor(a): BZN