22 SET 2023
O Sebrae no Rio Grande do Norte está empenhado em contribuir para que a cultura da inovação tecnológica passe a integrar a rotina dos pequenos negócios rurais com soluções para os desafios do agronegócio potiguar. A instituição está em articulação para implantar um ecossistema local de inovação das cadeias produtivas do campo no estado, e os esforços vão contar com o apoio do Governo Federal. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) se junta ao movimento e na manhã dessa quinta-feira (21) assinaram protocolo de intenções com o estado para promover, conjuntamente, o Ecossistema de Inovação Agropecuária para o Estado do Rio Grande do Norte.
A oficialização da parceria ocorreu durante o Seminário de Lançamento do Ecossistema Local de Inovação do Agronegócio do RN. O evento, promovido pelo Sebrae, reuniu no Auditório do Parque de Exposição Aristófanes Fernandes, em Parnamirim, os principais atores e instituições do setor agropecuário do estado para discutir a formação de uma governança.
A ideia parte do pressuposto que o estabelecimento de um ecossistema de inovação setorial bem articulado é determinante para impulsionar o desenvolvimento inovador e para aumentar a competitividade dos negócios do campo. Isso porque o ecossistema local possibilita a colaboração entre os diversos atores, a troca de conhecimentos e a conexão entre instituições, academia, produtores rurais e empresários, gerando soluções inovadoras que podem aumentar a produtividade, a sustentabilidade e a competitividade do setor.
O diretor superintendente do Sebrae-RN, José Ferreira de Melo Neto, destacou a importância da implantação do Ecossistema Local de Inovação do Agronegócio no sentido de modernizar e desenvolver as cadeias produtivas do agro. “Temos agora uma ótima oportunidade de avançar no agro e ao mesmo tempo um desafio num estado pequeno, mas que tem uma pecuária de qualidade. Temos grandes avanços em áreas como a carcinicultura e a fruticultura irrigada. Na própria bovinocultura temos um projeto muito exitoso de Leite e Genética com mais de 30 mil animais nascidos com alta linhagem através da inseminação e fertilização in vitro. O Sebrae tem todo o interesse de participar da construção de um ambiente favorável para o ecossistema de inovação do agronegócio do RN”, garante Melo.
O secretário estadual da Agricultura, Guilherme Saldanha, enfatizou que mais importante do que gerar e implantar tecnologias, é fazer com que essas tecnologias cheguem aos pequenos produtores, ao homem do campo que esteja naquele município mais distante e que necessita de apoio para desenvolver a sua atividade agrícola e pecuária. “Imaginem que lá em cima da Serra de Santana tem um produtor que recebeu a tecnologia do projeto Leite e Genética e que sua vaca, através da ordenha mecânica, esteja produzindo 60 litros de leite. Isso é inovação no campo”, exemplifica lembrando que é preciso estimular o pequeno produtor a adotar as tecnologias necessárias ao seu negócio rural. “E nós do governo, temos o aval da governadora Fátima Bezerra para abraçar esse esforço conjunto de todos os que estão aqui nesse lançamento”, complementa.
O diretor técnico do Sebrae-RN, João Hélio Cavalcanti, ressaltou que com as principais lideranças da atividade agropecuária reunidas em torno do interesse em desenvolver um ecossistema de inovação, é possível o estado alcançar maior competitividade e se destacar em toda a região Nordeste. “Na realidade o que estamos fazendo aqui é um consórcio num ambiente propício para mostrarmos o quanto somos inovadores e podemos avançar. Vamos fazer uma inovação no agronegócio de forma inclusiva, pois 70% dos alimentos produzidos no RN e que chegam à mesa dos potiguares são provenientes da agricultura familiar. Com as tecnologias sociais surge a oportunidade do pequeno produtor inovar e transformar suas vidas”, defende João Hélio.
De acordo com a gerente da Unidade de Desenvolvimento Rural do Sebrae-RN, Mona Paula Nóbrega, a consolidação do ecossistema de inovação para o meio agrícola do Rio Grande do Norte pode ser um movimento transformador. A gerente argumenta que o Sebrae identifica como importantíssimo o setor investir mais em melhorias tecnológicas e estar aberto à inovação, que são capazes de elevar os níveis de produtividade, sustentabilidade e competitividade dos produtores rurais.
“O objetivo desse movimento é ampliar a difusão das temáticas de tecnologia e inovação dentro do setor do agronegócio, seja através de startups, inovação aberta, hubs de inovação ou desenvolvimento de novos produtos e serviços de base tecnológica pelos empresários rurais. O Sebrae já atua como metodologia dos ecossistemas locais de inovação por município, e nós estamos usando a mesma metodologia para o setorial da agropecuária”, destaca Mona Paula.
Durante o lançamento estiveram reunidos os principais atores e representantes do agronegócio para criar uma governança do setor em torno da inovação. Além dos diretores do Sebrae-RN, José Ferreira de Melo Neto (superintendente) e João Hélio Cavalcanti (técnico), participaram do evento, o coordenador geral de Articulação para Inovação da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo, Cesar Simas Teles, a secretária da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão e Digital do MAPA, Isabel Regina Flores Carneiro, secretário estadual da Agricultura, Guilherme Saldanha, o superintendente estadual da Agricultura no RN (Mapa), Manoel de Freitas Neto, o presidente da Faern, José Vieira, o diretor-presidente da Emparn, Rodrigo Maranhão, o diretor da Escola Agrícola Jundiaí/UFRN, Ivan Max Freire de Lacerda, representando o reitor da UFRN, José Daniel Diniz, o assessor de Empreendedorismo da Pró reitoria de Pós-graduação, Pesquisa e Inovação IFRN, Jorge Rabelo, representando o reitor Arnóbio Araújo.
“Temos diversos atores aqui no RN, dentro da cortina da inovação. Assim pretendemos dar visibilidade ao agronegócio, mostrando que também há potencial para desenvolvimento destas cadeias produtivas e criar uma rede de conexão entre produtores, empresas, universidades, instituições e sociedade como um todo”. Segundo a gerente, somente após a formação da governança, será possível o Sebrae desenvolver um conjunto de ações a partir da metodologia dos ecossistemas locais inovação alinhadas com as perspectivas do setor.
Sobre o lançamento, o coordenador afirma: “Acreditamos que a realização deste evento é o primeiro passo para a celebração de um protocolo de intenções entre o MAPA e o Governo do Estado do Rio Grande do Norte para estimular a inovação no setor agropecuário”.
O superintendente estadual da Agricultura no RN (Mapa), Manoel de Freitas Neto, elogiou a iniciativa do Sebrae, juntamente com o Mapa e o governo do estado para reunir instituições ligadas à agropecuária, instituições de ensino superior, parceiros privados e órgãos governamentais para estruturar um ecossistema que beneficie todas as cadeias produtivas do agronegócio. “A partir do momento em que todos juntos conseguem desenvolver e implantar tecnologias para melhorar processos de produção, o setor agropecuário do estado ganha competitividade e os pequenos negócios, principalmente, serão beneficiados em toda a cadeira produtiva”, avalia Neto.
Objetivos do protocolo de intenções:
1. Promover, conjuntamente, o Ecossistema de Inovação Agropecuária para o Estado do Rio Grande do Norte;
2. Contribuir com processo de promoção do desenvolvimento local e regional do ecossistema de inovação do agronegócio;
3. Favorecer incremento e a expansão de ações e programas de implementação de inovação em produtos, processos e serviços;
4. Oferecer serviços tecnológicos por meio de infraestrutura de inovação aplicada, bem como incentivar e apoiar a criação e participação de startups e spin-offs, vinculadas às ICTs do Estado do Rio Grande do Norte nesse processo;
5. Colaborar no processo de transferência de tecnologia e inovação para fins de aumento de competitividade do setor de agronegócio e do processo de internacionalização;
6. Potencializar as parcerias nacionais e internacionais com demais atores do ecossistema regional, de modo a propiciar projetos e ações alicerçadas na tríplice hélice;
7. Promover o empreendedorismo e a inovação de forma articulada, por meio de atividades e processos de imersão para a cadeia produtiva de agronegócio e setores transversais;
8. Ser um hub de informações com geração e conhecimento básico e aplicado, estimulando a participação de estudantes de graduação e de pós-graduação das ICTs do Rio Grande do Norte, com vistas a viabilizar a disseminação de conhecimentos, estudos e indicadores de inovação no agronegócio;
9. Estimular processos de colaboração e cooperação nacional e internacional entre empresas, organizações não governamentais, governo e academia por meio das universidades e Instituições de pesquisa localizadas no Rio Grande do Norte;
10. Fortalecer o desenvolvimento de tecnologias sociais, do capital social e sinérgico da cadeia produtiva do agronegócio; e
11. Desenvolver, articular e congregar conexões intra e inter-organizacionais e arranjos produtivos locais do agronegócio, incentivando o cooperativismo nesse processo.
12. Apoiar, incentivar, promover tecnologias relacionadas às ações de rastreabilidade dos produtos agropecuários e florestais;
13. Desenvolver projetos que possam direcionar emendas parlamentares individuais e coletivas que tragam grandes benefícios aos produtores e consumidores;
14. Promover e apoiar ações e políticas voltadas a garantir a sustentabilidade ambiental, social e a governança do agronegócio estadual.
Autor(a): BZN