06 MAR 2022
Ex-governador, vice-governador e senador pelo RN, Geraldo Melo, 86 anos, foi diagnóstico em outubro de 2020 com câncer no pulmão em 2020.
Passou por bateria de exames no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, recuperou-se, mas em 2021 surgiu uma nova batalha: tumores no cérebro.
Submeteu-se a cirurgias para a retiradas dos tumores, recebeu alta no dia 11 de junho 2021, foi para Brasília continuar tratamento, e retornou a Natal, sob os cuidados da Liga Contra o Câncer.
A situação complicado e no dia 23 de dezembro passado foi internado na Casa de Saúde São Lucas. Com o estado irreversível, foi para o apartamento da filha Renata, a única filha mulher, onde permaneceu ao lado da família até a madrugada de hoje (6).
Memória
Geraldo Melo governou o Rio Grande do Norte entre 1987 e 1991. Foi senador no período de 1995 e 2003, onde se notabilizou por sua rica oratória. Foi vice-presidente do Senado de 1995 a 1997.
No início de novembro passado, foi eleito novo imortal da Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANL), para a cadeira número 32, que pertenceu ao jornalista João Batista Machado.
Geraldo José da Câmara Ferreira de Melo, mais conhecido como Geraldo Melo, nasceu no município potiguar de Campo Grande, no 12 de julho de 1935. Foi um dos maiores usineiros do RN, com investimentos em Ceará-Mirim.
Ingressou na política como o 20.º vice-governador do RN, entre 1979 e 1982. E entre 1987 a 1991, foi o 47.º Governador do estado.
Colaborou com o governo de Aluízio Alves (1961-1966), trabalhando na Sudene. Foi indicado vice-governador quando o titular era Lavoisier Maia Sobrinho (1978-1983).
Depois, voltou para o grupo dos Alves e coordenou a campanha vitoriosa de Garibaldi Alves Filho para a Prefeitura de Natal, em 1985, credenciando-o para disputar o Governo do Estado em 1986. Com o slogan Novos Tempos, Novos Ventos e uma maioria de 14 mil votos, elegeu-se.
Montou uma estação de rádio e obteve concessão de uma emissora de TV, a TV Potengi, ligada à Rede Bandeirantes, ao término dos anos 1980. Foi um dos principais acionistas do Natal Shopping Center.
Em 1993, rompeu com o PMDB e passou para o PSDB, onde foi presidente estadual até 2008. Desgostoso com o partido, retornou ao PMDB em 2011.
Em 2002, candidatou-se à reeleição para o Senado, mas ficou em 3° lugar, atrás dos eleitos Garibaldi Filho e José Agripino Maia.
Em 2006, tenta mais uma vez ao Senado pelo PSDB, sem sucesso. Ganharam Rosalba Ciarlini e Fernando Bezerra.
Em 2018 tentou novamente, pelo PSDB, para onde retornou, mas foi superado pelos atuais senadores Styvenson Valentim (Podemos) e Zenaide Maia (PHS).
Deixa a esposa Ednólia Melo, ex-prefeita de Ceará Mirim, cinco filhos e netos.
Mais
De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, Geraldo Melo era filho de Pedro Ferreira Melo e Almira da Câmara Melo.
Trabalhou como jornalista até 1959, ano em que concluiu curso de planejamento do desenvolvimento econômico da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), na ONU.
Membro do corpo técnico fundador da Superintendência para Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), entre 1959 e 1960, sob liderança de Celso Furtado, exerceu os cargos de vice-diretor do departamento de atividades econômicas básicas (Daeb) e diretor da assessoria técnica. Realizou curso de financiamento do desenvolvimento econômico do Centro de Estudos Monetários Latino-Americanos (Cemla), no México em 1961, ano em que fez estágios operacionais no Banco Mundial e no Banco Interamericano de Desenvolvimento(BID).
De volta ao Rio Grande do Norte, tornou-se, ainda em 1961, o primeiro secretário de Planejamento do governo do estado, durante a gestão de Aluízio Alves (1961-1966).
Foi um dos sócios-fundadores da Administração Industrial e Planejamento (Adiplan) – criada em 1965 por um grupo de técnicos que deixara a Sudene – e também diretor brasileiro do Consórcio Internacional de Consultoria Técnica, integrado pela Adiplan e pela empresa inglesa Economist Intelligence Unit (EIU). Estas reuniram-se em uma terceira organização, chamada International Professional Consortia (IPC), que, por sua vez, contratou alguns serviços a serem realizados por outras empresas, entre as quais a Mitsou Consultants co., do Japão, além das inglesas Scott Wilson, Kirkpatrick and Partners e Fisheries Development.
No início da década de 1970, a Usina São Francisco Açúcar e Álcool S/A e a Usina Ilha Bela S/A, ambas localizadas em Ceará-Mirim (RN) e clientes da Adiplan, haviam mergulhado em enormes dificuldades financeiras. Os credores dessas empresas recusaram-se a fazer composições com os antigos acionistas controladores, exigindo a mudança do controle acionário. Esse processo culminou na transferência do controle das duas empresas para a Adiplan, que elaborou um projeto de modernização empresarial prevendo a fusão das duas na Companhia Açucareira Vale do Ceará-Mirim.
Em 1978, Geraldo Melo foi indicado pelo presidente João Figueiredo para integrar, como candidato a vice-governador do Rio Grande do Norte, a chapa encabeçada por Lavoisier Maia, lançada pela legenda da Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação ao regime militar instalado no país em abril de 1964. A chapa foi eleita pela Assembléia Legislativa e empossada em março de 1979. Com a promulgação da nova lei orgânica dos partidos em dezembro daquele ano, que extinguiu o bipartidarismo, e a posterior reorganização partidária, filiou-se ao Partido Democrático Social (PDS).
Em 1983, transferiu-se para o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). No ano anterior, o PMDB sofrera uma grande derrota no estado, em razão da eleição com voto vinculado.
Discordando dos rumos do processo político, renunciou ao mandato de vice-governador e apoiou a candidatura peemedebista de Aluízio Alves de oposição ao governo do estado. Após a derrota nessa eleição, alguns dos fundadores do PMDB convidaram Geraldo Melo para assumir a presidência regional da legenda. Aceitando o convite, comandou em 1984 a campanha pela aprovação da emenda Dante de Oliveira, que, apresentada na Câmara dos Deputados, propôs o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República em novembro daquele ano. Como a emenda não obteve o número de votos indispensáveis à sua aprovação – faltaram 22 para que o projeto pudesse ser encaminhado à apreciação pelo Senado –, Geraldo Melo apoiou Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, reunido em 15 de janeiro de 1985, que foi eleito novo presidente da República pela Aliança Democrática, uma união do PMDB com a dissidência do PDS abrigada na Frente Liberal. Contudo, Tancredo Neves não chegou a ser empossado na presidência, vindo a falecer em 21 de abril de 1985. Seu substituto no cargo foi o vice José Sarney, que já vinha exercendo interinamente o cargo desde 15 de março.
Com a esposa Ednólia e os filhos:
Autor(a): Eliana Lima