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Netanyahu fala em decisão antissemita de Haia por um juiz francês e lembra o caso do oficial judeu Dreyfus, falsamente acusado

24 NOV 2024

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu se pronunciou sobre o mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), quinta (21), contra ele por crimes de guerra, e para Mohammed Deif, líder do Hamas que Israel diz já ter matado.

Classificou como “ódio antissemita a Israel“.  Considerou que a medida do promotor do TPI, o advogado britânico Karim Khan, é uma tentativa de “salvar sua pele das sérias acusações de assédio sexual” a uma antiga funcionária.

Reputa a decisão antissemita do TPI de Haia com um Caso Dreyfus moderno. Lembrou que, há 130 anos, o oficial judeu francês Alfred Dreyfus foi acusado falsamente de traição por uma Corte francesa enviesada. Em resposta às falsas acusações, o grande escritor francês Émile Zola escreveu seu ensaio monumental, ‘J’accuse’ [Eu acuso]. Ele acusou o tribunal francês de mentiras antissemitas contra um oficial inocente, que depois foi isentado de toda culpa.

Afirma que agora “um Tribunal Internacional em Haia, também liderado por um juiz francês, está repetindo essa ofensa ultrajante. Ele está acusando falsamente a mim, o primeiro-ministro democraticamente eleito do Estado de Israel, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Galant, de atacar deliberadamente civis. Isso quando fazemos tudo que podemos para evitar baixas civis. 

Descreve as ajudas que Israel vem prestando ao povo de Gaza, mas que “os terroristas do Hamas fazem tudo que podem para mantê-los em perigo, incluindo atirar neles e usá-los como escudos humanos”.

Afirma que abastece Gaza com 700 mil toneladas de comida para alimentar homens, mulheres e crianças, mas os “suprimentos são rotineiramente roubados por terroristas do Hamas, que privam seu povo de alimentos tão necessitados”.

Garante que nas “últimas semanas, Israel facilitou a vacinação de 97% da população de Gaza contra pólio”, mas o Tribunal acusa-o de genocídio. “Do que diabos eles estão falando em Haia?”, questiona.

Acusa o Tribunal de não agir “contra os terroristas do Hamas que estupraram nossas mulheres, decapitaram nossos homens, queimaram bebês vivos na frente dos pais e sequestraram centenas de homens, mulheres e crianças levando-os para as masmorras subterrâneas de Gaza. Eles ainda mantêm 101 reféns, cidadãos de vários países, incluindo os Estados Unidos”.

Reafirma: Nenhuma decisão de viés anti-Israel em Haia impedirá Israel de defender seus cidadãos”. E que “Israel não reconhece e não reconhecerá a validade desta decisão”, e que continuará “fazendo tudo que temos de fazer para defender nossos cidadãos e defender nosso Estado contra o eixo do terror do Irã e de seus representantes terroristas, incluindo Hamas, Hezbollah, os Houthis e outros”.

Em tempo

Escrevi em minha dissertação de mestrado em Filosofia Política sobre a história do oficial do exército francês Alfred Dreyfus, de origem judaica, considerada um dos maiores abusos do antissemitismo. Foi acusado erroneamente de ter transmitido segredos militares ao major alemão Schwartzkoppen. Condenado em 1894, seria deportado à Ilha do Diabo, na Guiana Francesa. Em 1896, o comandante Picquart, convencido da inocência de Dreyfus e da culpa de um outro oficial francês, Esterhazy, pediu a revisão do processo. Em 1898, Esterhazy seria declarado inocente e Picquart mandado para a Tunísia". No jornal Aurore é publicado artigo que denuncia o antissemitismo e a corrupção do Exército francês. Picquart se suicida e uma nova revisão do processo começa em 1906.


Autor(a): BZN



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