04 JUN 2025
Sempre que vou à cidade de Alcobaça, em Portugal, visito o incrível mosteiro onde estão, nas laterais do altar, os túmulos de D. Inês e D. Pedro I, que viveram uma história de amor trágica, de um romance proibido marcado por traição, assassinatos e devoção eterna imortalizados nas tumbas.
História que remete à frase que gerou a máxima “Agora Inês é morta”.
Ao mesmo tempo em que a história dos dois me comove imenso, intriga-me a aceitação da Igreja em reverenciar no seu altar túmulos de adúlteros, o que pode contrariar o sexto mandamento da Lei de Deus, “Não pecar contra a castidade”, ordem que proíbe todos os atos contrários à castidade, como o adultério.
A HISTÓRIA:
Filho de D. Afonso IV, o Infante Pedro era o futuro rei de Portugal, nos anos 1300. Como de praxe nas famílias reais, casamento era questão política, não romântica. Pedro, então, foi obrigado a se casar com Constança Emanuel, uma nobre castelhana.
Pedro, entretanto, apaixonou-se perdidamente por uma das damas de companhia de Constança, a bela Inês de Castro, filha de um poderoso fidalgo galego. E ela correspondeu ao sentimento.
D. Constança morreu em 1345, ao dar à luz ao segundo filho. Com a sua morte, D. Pedro juntou-se publicamente a D. Inês. Os dois tiveram três filhos. Mas o romance vivia sob a pressão por parte da corte e D. Afonso IV, aproveitando-se da ausência do filho, que viajou para caçar, mandou assassinar Inês, em Janeiro de 1355. Ao retornar, Pedro encontrou Inês morta. Desesperado e enfurecido, liderou uma revolta contra o rei, nunca perdoando o pai pelo assassinato da amada. Quando finalmente assumiu a coroa, em 1357, D. Pedro mandou prender e matar os assassinos de Inês, arrancando-lhes o coração, o que lhe valeu o cognome de o Cruel.
Jurando que havia se casado secretamente com Inês de Castro, Pedro impôs o seu reconhecimento como rainha de Portugal, e, em abril de 1360, ordenou a trasladação do corpo de Inês para o Mosteiro Real de Alcobaça, onde mandou construir dois magníficos túmulos, para que pudesse descansar para sempre ao lado da sua eterna amada. Assim ficaria imortalizada em pedra a mais arrebatadora história de amor portuguesa.
Autor(a): Eliana Lima