31 MAR 2021
Em carta destinada à governadora Fátima Bezerra, entidades representativas dos setores produtivos do RN apelam para que — no novo decreto que deve ser publicado sexta-feira (2) - seja autorizada a retomada das atividades econômicas atualmente fechadas, com protocolos que assegurem os cuidados de prevenção, entre os quais escala de horário para determinados segmentos.
A defesa da retomada com precauções foi feita durante reunião por videoconferência, hoje (31), com participação de presidentes das Federações e Associações empresariais, Câmaras de dirigentes lojistas, secretários destaduais e demais interlocutores do Governo.
Na ocasião, foi entregue documento com o diagnóstico da grave situação econômica do estado e uma série de solicitações para o socorre econômico dos setores produtivos, além do detalhamento da proposta de retorno das atividades. O grupo formado por técnicos das Federações Empresariais permanecerá, nos próximos dois dias, em interlocução com os secretários estaduais que estão tratando das medidas do governo nesta área, até a definição do decreto do governo.
Disse o presidente da Fiern, Amaro Sales:
- Os representantes dos setores empresariais estiveram reunidos quase que diariamente nos últimos quinze dias discutindo essas questões, os técnicos das entidades também integram um comitê que se dedica a esse problema integralmente e mantemos o diálogo permanente com os secretários que tratam deste assunto. Hoje entregamos essas propostas e esse documento com uma importante avaliação da situação.
Alertou:
- O setor produtivo, nesta reunião, com a governadora e seus auxiliares tiveram mais uma vez um diálogo em busca de solução. Atualmente muitos se sentem prejudicados, principalmente, os pequenos e o micro-empresários que não têm força para sozinhos apresentarem suas dificuldades. Mas aqui estão representados pelas entidades. E, neste momento, sabemos que dizer apenas 'fique em casa' pode parecer fácil para quem não conhece a realidade. No entanto, a pessoa, com sua atividade paralisada, que está em casa, entre ficar esperando e ir para rua, se tiver sem renda alguma e chegar a fome, irá para a rua.
Concluiu:
- Temos, então, uma situação muito séria e problemas que se acumulam. Por isso, as instituições representativas dos setores produtivos querem o diálogo e são parceiras do Governo em busca de alternativas. Estamos unidos para encontrar solução.
Presidente da Fecomércio (Federação do Comércio), Marcelo Queiroz lembrou:
- Estamos, neste momento, ainda sem as medidas de auxílio emergencial para empresas e trabalhadores, como tivemos no ano passado. Só no auxílio emergencial aos trabalhadores foram injetados, todos os meses, até R$ 1 bilhão na economia [em 2020].
Chamou atenção para a atual conjuntura das empresas locais, que não têm mais como suportar um novo período de forte restrição. "Temos certeza de que é possível conviver com medidas de prevenção, preservar vidas e evitar as mortes das empresas".
Alertou que existem, diariamente, dezenas de relatos de empresários que esgotaram até o patrimônio pessoal para tentar salvar suas empresas e que não terão mais como buscar recursos se houver novo período de restrição acentuada.
Presidente da Faern (Federação da Agricultura do RN, José Vieira disse que a entidade que representa apoia a proposta de retorno com protocolos.
Presidente da Fetronor (Federação dos Transportes do RN), Euro Laranjeiras considerou que é preciso avaliar medidas para evitar um agravamento da situação em setores mais atingidos.
O presidente da FCDL, Afrânio Miranda, e o superintendente do Sebrae, Zeca Melo, também se somaram aos apelos por uma reabertura.
Presidente da CDL Natal, José Lucena reforçou o apelo para que o comércio não prossiga com proibição para o funcionamento. "Não deixe que o comércio continue fechado. Vidas [empresariais] construídas ao longo de anos, décadas estão escorrendo pelas mãos". Acrescentou que a CDL aderiu ao Movimento Unidos pela Vacina para colaborar com a imunização no RN.
Novo decreto até sexta
O atual decreto que restringe as atividades econômicas está em vigor até sexta-feira (2), quando o Governo deverá publicar um novo ato para definir e regulamentar medidas de combate à pandemia no Rio Grande do Norte.
Após ouvir o relator dos presidentes das federações, a governadora elogiou a proposta apresentada. "A iniciativa é pautada por seriedade, responsabilidade e diálogo", comentou. Ela se mostrou receptiva às sugestões. A decisão deverá ser tomada após a continuidade do diálogo com outros setores, entre os quais os prefeitos e as recomendações do Comitê Científico.
No diagnóstico da situação econômica que foi apresentado, as entidades alertaram que "os dados do Estado mostram a situação de iminente colapso que são demonstrados pela taxa de desocupação de 15,8% (a maior da série histórica iniciada em 2012); pelo total de 226 mil pessoas desocupadas (maior valor desde 2012), pela queda no total de carteiras assinadas (PNAD Contínua)". Destacaram também que "o saldo negativo do emprego (CAGED) de grandes cidades do RN como Natal (total de -3.438), Mossoró (-469 na indústria); São Gonçalo (-450 nos Serviços) e Macaíba (-298 nos serviços). Além disso, mostra-se a queda da produtividade das indústrias pelo quarto mês consecutivo (ICEI) e a queda histórica do consumo de energia por parte do comércio (FIERN)".
Também participaram da reunião de hoje: o superintendente da Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte (Facern), Itamar Maciel; da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/RN), Paolo Passariello; da Federação da Associação Comercial (ACRN), Luiz Eduardo Schiavo Melo; o vice-governador Antenor Roberto; secretários estaduais Carlos Eduardo Xavier (Tributação), Jaime Calado (Desenvolvimento Econômico), Aldemir Freire (Planejamento e Finanças), Fernando Mineiro (Gestão e Projetos) e Cipriano Maia (Saúde Pública), além de Ricardo Valentim, que integra o Comitê Científico estadual.
Autor(a): Eliana Lima