12 MAI 2024
As ruas de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, foram tomadas na última segunda-feira (6).
Para passar o cortejo fúnebre de Dona Cabeluda, 80 anos, a mais famosa cafetina da região e considerada a última da cidade.
Nascida Renildes Alcântara dos Santos, ganhou o apelido de “cabeluda” devido aos cabelos longos e muitos pelos no corpo.
O apelido deu nome à sua famosa casa de desejos, em pleno centro da cidade, que resistiu por quase 50 anos.
Conta a história que dona Renildes nasceu em Itabuna, no sul da Bahia, e muito apanhava dos pais quando criança. E ainda na infância, aos 12 anos, casou-se com um homem mais velho. Sofreu violência do marido. Quatro anos depois, ela deixou as duas filhas do casamento com a mãe e fugiu.
Chegou e ficou em Cachoeira, onde começou vendendo bebidas e foi apresentada à prostituição por uma amiga. Sua história está contada no livro Uma História de "Cabeluda": Mulher, Mãe e Cafetina, fruto da pesquisa de mestrado da professora Gleysa Teixeira Siqueira, da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB).
Segundo conta, Dona Cabeluda não agenciava o valor do programa, ela alugava o quarto para as meninas, e as mulheres tinham a liberdade de determinar seus preços.
Reinildes adotou oito filhos. Era conhecida também pela facilidade em acolher a quem precisam.
Autor(a): BZN