29 MAR 2023
A observação é do repórter fotográfico Ney Douglas.
Ele postou fotos em seu perfil no Instagram mostrando a formação rochosa ao pé do morro cartão-postal de Natal.
Atenta que “há muito tempo que pessoas não sobem o Morro do Careca por sua base. As subidas acontecem por acessos a trilhas que existem na lateral do morro. Mesmo com a subida indevida de pessoas, o morro vem sofrendo uma mudança natural em sua estrutura, pois já é nítida a formação de uma falésia em sua base, com quase dois metros de um paredão de rocha”.
No post, o geólogo Theodoro Fernandes comentou sobre a possibilidade.
Entrei em contato com ele para falar sobre o assunto.
No que ele respondeu:
- O morro do careta é uma falésia?
Sim e não. Ele é uma duna parcialmente vegetada que se depositou acima de uma falésia.
- O litoral potiguar é formado por estruturas geológicas, que podem ser altos locais (Horsts) e baixos locais (Grabens), o morro do careca é caracterizado como um Horst. Essa afirmação pode ser comprovada em uma simples observação do maior cartão postal potiguar, tendo em vista que existem diversos afloramentos da Formação Barreiras (rocha), em sua base e sua encosta, ficando evidente que abaixo dos sedimentos dunares existe uma falésia que com o tempo (erosão de sua base e remoção dos sedimentos) tenderá a ficar casa vez mais evidente na paisagem local
Cenário
Também solicitei informações ao diretor técnico do Idema, geólogo Werner Farkatt.
Ele explicou que a “exposição da falésia na base do Morro do Careca faz parte de um processo natural da movimentação de sedimentos”.
E que sim, “existe uma falésia embaixo do cartão-postal de Natal, por isso sua altura é de mais de 100 metros”.
Detalha a mesma linha de Theodoro, de que “o litoral potiguar tem por característica as estruturas geológicas de Horsts (altos) e Grabens (baixos). O Morro do Careca é um Horst e se a erosão evoluir apresentará um desgaste e a base rochosa ficará mais evidente”.
Atenta que o morro “pode perder a areia de cobertura pelo efeito erosivo e deixar mais acentuada a exposição da falésia, caso não seja feita uma proteção em sua base ou uma engorda na praia para ampliar a área de sedimentos”.
Diz que fotos históricas mostram que a base do morro (Formação Barreiras) já esteve exposta, “semelhante ao que estamos observando atualmente, sugerindo uma possível ciclicidade de eventos naturais ligados às ondas, correntes, marés, ventos e outros fatores naturais”.
Fotos Ney Douglas
Autor(a): Eliana Lima