21 MAR 2024
Ex-aluno do Colégio Salesiano na Ribeira, em Natal, Frederico Marcos da Cunha, 73 anos, conhecido como padre Frederico, após 31 anos da condenação em Portugal e foragido há 26 anos, foi, finalmente, demitido do sacerdócio, em decisão do Papa Francisco, em fevereiro deste ano de 2024, e divulgada apenas agora, pela Diocese do Funchal, no seu site oficial. Ocorreu depois de um pedido de esclarecimento, feito em abril de 2023, pelo bispo Nuno Brás, sobre a situação clerical do antigo sacerdote.
Em 1993, Frederico foi preso pelo assassinato do jovem português Luis Miguel Correia, na Ilha da Madeira. Crime ocorrido em 1992. O Tribunal do Funchal deu como provado que Frederico empurrou o rapaz, então com 15 anos, do alto da falésia, e o condenou a 13 anos de prisão. Após cumprir 5 anos e 10 meses de detenção, fugiu para o Brasil, em 1998, aproveitando uma saída condicional para visitar a mãe, em Lisboa. Ele foi de carro até Madri, onde embarcou num avião para o Rio de janeiro, onde hoje reside.
A Igreja Católica nunca abrira processo canônico, e apenas agora é que ele deixou de ser padre. E se ele nesse tempo fez celebrações? Serão válidas? Perguntas ainda sem respostas.
Em fevereiro de 2016, o jornal português Correio da Manhã entrevistou Federico no apartamento dele, em Copacabana, Rio de Janeiro, sob o título “A vida de luxo do Padre Frederico. Pároco tinha de pagar indemnização por morte de jovem”.
Segundo o jornal, à época, o apartamento em que ele mora “custa pelo menos três milhões de euros. Mas não pagou os oito mil euros que há mais de 20 anos o tribunal determinou para indemnizar a família do rapaz que morreu no Caniçal, na Madeira. A igreja que sempre protegeu o padre - ainda hoje pertence à Diocese do Funchal - também não assumiu a indemnização, que prescreve, tal como a pena, em 2018 - altura em que faz 20 anos que Frederico Cunha fugiu de Portugal”.
Durante o processo de investigação, várias testemunhas, como crianças e adolescentes, afirmaram terem sido forçadas por Frederico a atos sexuais. Durante busca policial na casa do então padre foram encontradas fotos pornográficas de crianças e adolescentes que tinham sido tiradas pelo ele.
Na época dos escândalos, os jornais noticiaram que o bispo da Diocese do Funchal, Teodoro de Faria, protestou contra a prisão de Frederico e “foi aos limites de considerar o mesmo "tão inocente como Jesus Cristo”, e que sacerdotes do Movimento Engelwerk tentaram “subornar as testemunhas instigando-as a prestarem falsas declarações, ou seja a cometer o Crime de Perjúrio”, mas várias “foram contra aos desejos da identidade religiosa e sem temor afirmaram ter visto que o padre Frederico acompanhava Luis Miguel perto das imediações da cena de onde viria a acontecer o crime. Os mesmos foram vistos juntos também por pessoas que se encontravam no momento numa Torre de Vigia situada na Falesia do Canical.
Em 1998, a mãe, Leonor Barros Cunha, escreveu um livro em defesa do filho, editado em Lisboa:
Autor(a): BZN