Cultura

Partiu Glorinha Oliveira, o Rouxinol Potiguar, aos 95 anos

24 FEV 2021

Foto: Reprodução vídeo Som Sem Plugs

Estrela maior da música potiguar, a cantora Glorinha Oliveira, 95 anos, partiu hoje (24). E deixa seu imenso legado na canção popular brasileira. Foi eternizada com o Rouxinol e como a Rainha do Rádio.

Tinha, entretanto, uma mágoa com a falta de reconhecimento na capital-potengi. Em entrevista ao produtor cultural Joaquim Jr., disse: “Natal não é mãe, é madrasta” (texto completo abaixo).

Glorinha estava internada no Hospital Rio Grande, em Natal, para tratar de enfisema pulmonar.

Reproduzo o que bem relatou o produtor cultura Joaquim Júnior, da entrevista com Glorinha para o seu blog Som13:

-Em 27 de novembro de 1925, nasceu em Natal, precisamente no bairro das Rocas, uma menina que viria a ser batizada com o nome Maria da Glória Mendes de oliveira, porém por um lapso da parte de seu pai, a mesma foi registrada sem o nome Glória, o que não impediu de ser sempre chamada de Glorinha pelos seus familiares e amigos. Ainda pequena estudando no Grupo Izabel Gondim, Glorinha de destacava com as suas tendências artísticas, se apresentando em eventos e festinhas do colégio, participando de peças de teatro e cantando. Quando a mesma ainda pequena com apenas 10 anos, foi morar no Recife, esta se apresentou num programa de calouros na Rádio Clube de Pernambuco, onde ganhou um relógio de ouro por ser escolhida a cantora mirim na ocasião. Glorinha teve o privilégio de participar da inauguração da 1ª Rádio do RN –REN – RÁDIO EDUCADORA DE NATAL, que depois veio a se chamar RÀDIO POTI. Na década de 50 viajou por quase todo esse Brasil para representar nosso Estado nas inaugurações das emissoras de rádio dos DIÁRIOS E RÀDIOS ASSOCIADOS, participando ainda das festas de 1º Aniversário das TVS TUPI do Rio e São Paulo, a qual teve matéria de destaque na Revista O CRUZEIRO. Grandes figuras do cenário artístico brasileiro dividiram o palco com Glorinha, destacando nomes como Ademilde Fonseca, Cauby, Ângela Maria, Carlos Galhardo, as Irmãs Baptistas, Moacyr Franco, Leni Andrade, Miltinho, Sílvio Caldas, Orlando Silva, Ataulfo Alves, Lúcio Alves, Dick Farney e tantos outros. No Rádio Glorinha fez de tudo; rádio novela, programa de humor, e foi locutora e chegou até escrever minis novelas, seu maoir destaque foi seu Programa das quintas feiras “ A ESTRELA CANTA”. Glorinha, garante ter público eclético, em termos de idade, já gravou dois LPS(vinil), o primeiro em 1988, com o nome “Glorinha Oliveira”, e o segundo em 1993, intitulado “50 ANOS DE GLÓRIA”, que teve tiragem de oito mil cópias, um número espetacular para Cidade do Natal. Em 1999, foi ao Rio de Janeiro gravar seu primeiro CD que teve o nome de “MEU TEMPO”, que teve participação de músicos de primeira grandeza, como Sérgio Cleto(arranjador), Victor Biglione, Mingo, Altamiro Carilho, Milton Guedes, Aécio(filho) e outros não menos importantes. Em 2001 gravou o CD “ENTRE AMIGOS”, homenageando os compositores da terra, além de várias participações de cantores colegas como Liz Nôga, Tarcísio Flor e outros. Vale salientar que Glorinha participou de Programas importantes da TV, fora de Natal, FESTA BAILE -1981 – Agnaldo Rayol e Lolita Rodrigues(TV RECORD), SEM CENSURA em 1988 (TV EDUCATIVA). * Apesar de está longe no dia de hoje, mas minhas homenagens a este jovem senhora que a cada ano que passa a voz fica melhor, parece vinho!!!, meus votos de muitos anos de vida com Saúde e Paz!!! e que possa continuar a encantar com sua voz os corações apaixonados!!!, e para os eternos fãs... aguardem vem aí um cd com músicas com de sucessos antigos e novas!!! 

Glorinha Oliveira se despede dos palcos, mas não da música 

Glorinha Oliveira é uma figura atemporal. Aos 82 anos de idade, aparenta ter 20 a menos, quando calada. Quando começa a falar e a voz que encantou fãs através das ondas da Rádio Poti sai, rejuvenesce outros dez. Mesmo com tanta vitalidade sobrando, a cantora recentemente decidiu abandonar os palcos. 

O show de despedida foi realizado na Assembléia Legislativa, em 12 de dezembro. Na platéia, velhos e novos fãs, amigos e familiares, todos reunidos em torno da maior estrela que o rádio potiguar já teve. 

Quando o assunto de sua aposentadoria vem à tona, Glorinha se apressa em esclarecer: “Só abandonei os palcos. A música, nunca". 

“Eu não vou parar de cantar. A música é uma parte fundamental da minha vida, eu não posso nunca deixar de cantar. Eu me despedi dos palcos. Da música, nunca”, esclarece, sentada na varanda da casa onde mora, no bairro de Santos Reis. 

Ao falar sobre o motivo desta decisão, a cantora é direta. “Os artistas locais sofrem com a falta de apoio e reconhecimento. É um cenário muito desestimulante”, diz. “E outra coisa, montar show dá muito trabalho. São muitos gastos e preocupações. Não tenho mais idade nem cabeça para isso”. 

O tratamento dado aos artistas potiguares pelo público e produtores locais é uma questão preocupante, segundo ela. 

Glorinha Oliveira acredita que muitos artistas, apesar do trabalho brilhante, perdem a oportunidade de serem reconhecidos em outras partes do país, por não obterem espaço e visibilidade dentro do próprio Estado. 

“Natal não é mãe, é madrasta”, sentencia, sem sombra de rancor na voz. 

Carinho 

Embora já tenha sido ignorada pelos produtores culturais locais, Glorinha nunca pôde se queixar do carinho dos fãs. De todas as idades e vindos de todas as partes do país e do mundo, seus admiradores seguem fiéis desde os tempos do rádio. 

Certa vez, quando ainda fazia sucesso na rádio Poti com o programa A Estrela Canta, recebeu uma carta - com foto e tudo - de um fã da Groenlândia. 

Em outra ocasião, durante uma viagem de navio para Manaus, foi reconhecida e convidada a se apresentar durante todas as noites da excursão. Na hora de voltar, o capitão do navio decidiu não lhe cobrar a passagem. 

Na noite do último show, na Assembléia Legislativa, atendeu e conversou com tantos fãs, antes da apresentação, que quase não lhe sobrou voz para cantar. Dentro de casa, guarda um verdadeiro arsenal de troféus, placas e prêmios, que acumulou ao longo dos anos. 

Porém, a cantora ainda especula sobre o rumo que a carreira teria tomado, se tivesse aceitado a proposta de contrato feita pela TV Tupi, na década de 50. 

“Só não aceitei porque o meu marido era muito ciumento e achava que eu ia sair da linha, se fosse pra São Paulo. Até hoje, tenho essa mágoa”, diz, antes de emendar no mesmo fôlego: “Mas, águas passadas não movem moinhos, não é mesmo?”. 

Planos futuros 

Mesmo tendo encerrado uma parte da trajetória artística, Glorinha Oliveira guarda planos para o futuro. 

Uma volta aos palcos, por ora, está descartada, mas a cantora diz aceitar convites para se apresentar em festas, eventos ou reuniões, desde que providenciem o equipamento e o local adequado. 

Para o ano que vem, prepara um novo disco, sobre o qual mantêm segredo. “Só posso lhe dizer que o projeto está muito bonito. O resto é surpresa”.

Autor(a): Eliana Lima



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