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Partiu Yvete de Sá Bezerra, aos 101 anos

08 ABR 2019

Foto: O casal de uma grande história de amor: Yvete Sá e José Bezerra

Ela viveu 101 anos. E como viveu. Como muitos desejariam. Determinada, destemida, pra frente, como falamos por aqui no que é sinônimo de vanguarda. 

Das ousadias que marcaram sua vida, ela e o grande amor,  o marido José Bezerra de Araújo, homem rico e poderoso do Rio Grande do Norte, conheceram-se, namoraram e se casaram em menos de seis meses, uma afronta na época.

Foi no dia 1º de maio de 1935. Ela então com 17 anos, ele no alto dos 26 anos. 

Ela era tão vanguarda, que até devotada ao marido foi. Com orgulho. E alegrias e cumplicidades. E assim viveu feliz e ousando, contrariando o chamado feminismo.

E ele se foi em 1990, aos 81 anos.

"O mais curioso dos dois é que o meu avô parece que já tinha o casamento marcado, com convite impresso e tudo. Aí conheceu minha avó e em cinco meses e 13 dias estavam casados", lembra a neta Kívia Bezerra Motta.

Ela conta também que os avós "viveram a vida sempre juntos, viajaram muito, conheceram o mundo, deram uma volta ao mundo. E a gente teve uma vida muito feliz por causa deles. Nossos avós nos proporcionaram uma infância e uma adolescência maravilhosas, e isso eu tenho a agradecer a eles".

Segunda mulher a tirar carteira de motorista em Natal - a primeira foi Antonieta Varella - , constumava dizder que tinha recebido "certificado de melhor motorista do ano". Dirigiu dos 18 aos 86 anos.

Aos 80 anos, chamou atenção nos mares potiguares ao pilotar um jet-sky. Registro que fiz em minha coluna no O Jornal de Hoje, à época, com uma foto clicada por uma abelhinha de plantão.

Aos 84 anos foi para os parques de Orlando. E lá subiu e desceu numa montanha russa.

Teve intensa vida social e política em Currais Novos, no Seridó, e em Natal. Foi membro do Rotary Clube e, por 45 anos, presidiu o Educandário Oswaldo Cruz, que pertence à Sociedade Eunice Weaver.

Filho caçula que recebeu o nome do pai, José Bezerra de Araújo Jr., conhecido como Ximbica, era o queridinho da mãe. E nas conversas com os amigos sempre fala sobre a mãe, de sua ousadia, de suas peripécias, digamos assim, com o orgulho que exala no brilho do olhar. 

Aos amigos, ele informou nas primeiras horas da manhã de hoje:

- Lamento profundamente e comunico aos amigos, já cheio de saudades, o falecimenro da minha querida Mãe YVETE DE SÁ BEZERRA, depois de 101 anos de passagem por essa terra".

Dos sete filhos, um morreu com ela em vida: Franklin Bezerra. Mas ela já não entendia bem, pois estava na altura dos 100 anos. Franklin se foi no dia 2 de dezembro de 2018, aos 81 anos, no mesmo tempo de vida que o pai.

Dona Yvete deixa os filhos Haroldo, Eleika, Zorilda, Regina, Dulce e José Bezerra Júnior.

O jornalista seridoense Rodrigo Levino, hoje morando em São Paulo, acompanhou a elaboração de um livro sobre a vida de dona Yvete, que ficou restrito à família e amigos. As entrevistas foram feitas por Pilar Fazito.

Em conversa com ele hoje sobre dona Yvete, a quem ele muito admirava, disse:

- Ela era demais, né?! Fez mais de cem viagens pelo mundo, devotada ao marido, disse que ao contrário do que acontece, só pôs o nome do marido no último filho que nasceu, e não no primeiro, porque ele já tinha provado que era um pai maravilhoso".

Despedida

O velório comaça às 11h no centro de velório Morada da Paz da Rua São José, em Lagoa Seca, Natal, com missa de corpo presente às 15h. 

Depois, segue para enterro no Cemitério do Alecrim.

Com o filho Franklin

Com o filho Franklin

Autor(a): Eliana Lima



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