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Presidente da Coreia do Sul decreta lei marcial e acusa o partido de oposição de simpatizar com a Coreia do Norte

03 DEZ 2024

Foto: Reprodução vídeo

Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk declarou lei marcial no país. Acusa o principal partido de oposição de simpatizar com a Coreia do Norte e de promover atividades antiestatais.


Especialista em conflitos internacionais, o jornalista Ricardo Silva, do Spotnicks, explica a situação. Diz que o presidente não entrou em detalhes sobre quais medidas seriam tomadas.


Mas ele detalha o que lei marcial significa na Coreia do Sul:


1. A restrição do direito de protestar e se expressar.


2. Restrições ao movimento de civis podem ser impostas para manter a ordem.


3. Os militares podem ocupar áreas estratégicas e atuar como força policial.


4. O governo pode censurar informações para evitar “desinformação” ou agitação.


5. No lugar de tribunais civis, os crimes podem ser julgados por tribunais militares.


Nas últimas horas, um general disse que as manifestações públicas foram proibidas e que os veículos de notícias estão sob “comando de lei marcial”.


Os soldados impediram muitos parlamentares de entrarem no Parlamento sul-coreano.


Continua:


- Cabe lembrar que é madrugada no país.


Em matéria de urgência, a Assembleia Nacional adotou uma resolução exigindo o fim da lei marcial. Por lei, o presidente deve seguir a resolução. Mas ninguém bota a mão no fogo que isso acontecerá.


Com a decisão da Assembleia Nacional, uma lei marcial, a partir disso, é ilegal.

Yoon Suk Yeol é do Partido do Poder Popular, de direita.


Han Dong-hoon, o líder do seu partido, divulgou uma breve declaração, agora há pouco, criticando a decisão do presidente, e disse que defenderia o país ao lado da população.


Choo Kyung-ho, o líder do Partido do Poder Popular na Assembleia Nacional, diz que não foi avisado do decreto e que muitos membros do partido não conseguiram entrar no parlamento para votar contra a lei marcial porque os militares e a polícia bloquearam a entrada deles.


Desde a divisão da Península Coreana, em 1948, todo movimento ou partido político mais ao centro, em Seul, é acusado de ser pró-Pyongyang.


Essa é a acusação de Yoon contra o Partido Democrata, que defende uma abordagem mais diplomática, menos bélica, com Pyongyang.


Yoon Suk Yeol é um presidente altamente impopular. 72% da população da Coreia do Sul avalia negativamente o seu trabalho.


Nas eleições de meio de mandato, em abril, o partido dele sofreu uma derrota esmagadora.


Há 300 assentos na Assembleia Nacional da Coreia do Sul. Nesse momento, a oposição controla 192. O governo sustenta 108.


Há muitas razões para a desaprovação popular de Yoon Suk Yeol. Uma delas é a preocupação com a sua tendência de priorizar o controle do poder e de viver em conflito com a oposição.


Yoon foi eleito em 2022 com uma diferença de apenas 0,7% dos votos.


A Coreia do Sul tem uma experiência traumática com a repressão política.


O país foi controlado por uma ditadura militar entre 1961 e 1987, liderada pelo general Park Chung-hee.


Os militares assumiram o controle sob o pretexto de restaurar a ordem, mas permaneceram no poder.


Nesse período, opositores políticos foram presos, torturados e mortos. O governo controlava com repressão a mídia e as organizações civis.


Até que, em 1979, Park foi assassinado por Kim Jae-gyu, seu chefe de inteligência.


Após o assassinato de Park, outro general, Chun Doo-hwan, tomou o poder, em dezembro de 1979, por meio de um novo golpe.


Chun liderou um governo ainda mais repressivo na Coreia do Sul.


Um dos episódios mais brutais desse período foi o Massacre de Gwangju, quando civis se levantaram em protesto contra o governo militar exigindo democracia.


Pelo menos 600 pessoas foram mortas pelas forças armadas. Algumas fontes apontam que esse número passa das mil vítimas.


Autor(a): BZN



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