30 ABR 2025
Um ponto importante sobre as investigações que culminaram no maior escândalo recente envolvendo o INSS é a origem que desencadeou o processo. A Controladoria-Geral da União (CGU) só iniciou a apuração após a publicação de uma série de reportagens investigativas do portal Metrópoles, em março de 2024.
As matérias revelaram a existência de um esquema bilionário de desvios envolvendo descontos aplicados diretamente nos benefícios de aposentados e pensionistas, muitas vezes sem qualquer autorização dos segurados.
O conteúdo expôs como o INSS havia sido transformado em uma “indústria de descontos”, operada por entidades que firmavam Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o instituto para realizar cobranças automáticas. As denúncias apontaram o envolvimento de servidores públicos, lobistas e representantes de entidades associativas. Repórter que assinou as matérias, Luiz Vassalo relembrou o conteúdo em seu perfil no X, e escreveu: “Nem precisa dizer: os coleguinhas que não citam estão comprando a versão mais recente do governo sobre o caso. Claro, existe a conveniência de simplesmente ignorar o trabalho alheio”.
A partir das denúncias, e após lupas de apurações, a Polícia Federal e a CGU deflagraram na passada quarta-feira (23) a Operação Sem Desconto, com o cumprimento de 211 mandados de busca e apreensão em 13 estados e no Distrito Federal, além de medidas de bloqueio de bens que totalizaram cerca de R$ 1 bilhão. O então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado e acabou pedindo demissão do cargo.
O escândalo revelou falhas graves nos mecanismos de controle interno do INSS e na regulamentação dos convênios com associações, sindicatos e outras entidades que representam beneficiários.
A crise provocou também um novo debate sobre a transparência na gestão da Previdência e o papel fiscalizador do Estado na proteção de milhões de aposentados e pensionistas, muitos dos quais vulneráveis e desinformados sobre os débitos aplicados em seus contracheques.
Autor(a): BZN