01 ABR 2024
Terminei o Domingo de Páscoa (31) com as cenas que por anos atormentaram minhas memórias. Ao ver imagens de um ônibus desgovernado que passou por cima de fiéis que participavam de uma procissão no bairro de Marcos Freire, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, na tarde de hoje (31). Sete pessoas morreram e mais de 20 ficaram feridas.
O motorista fugiu após o atropelamento, mas foi identificado pela prefeitura. Dirigia o veículo que saiu da praça do terminal de ônibus e seguia para a Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
As cenas que ainda me atormentam ocorreram no trágico dia 25 de fevereiro de 1984, na ladeira do Baldo, em Natal. Pela primeira vez, com 18 anos completados no dia 19, fui ver o famoso carnaval dos chamados blocos de elite.
Era o desfile do bloco Puxa-Saco, que seguia para encontro de blocos na Praia dos Artistas. Eu estava em um jipe aberto, com minha irmã Etiene, meu irmão Júnior e amigos. Pouco antes da tragédia, alguém chama para irmos à casa de Joca Motta, mansão da tradicional família que fica na subida da ladeira da Av. Rio Branco.
Subimos, descemos do jipe, uns entraram na bela casa e fiquei na rua olhando o bloco subir. De repente, um ônibus passa por cima da banda e dos foliões. Até hoje ouço o assustador som de como equipamentos da banda e ossos se quebrando. Justamente no lugar onde estávamos no jipe.
O ônibus subiu e, já próximo de mim e minha irmã, o motorista abandona e foge, as pessoas dentro, de uma escola samba, quebram os vidros para sair do veículo desgovernado, até que um homem entra e puxa o freio de mão. Somente na matéria que fizemos na edição de abril de 2014 da BZZZ que eu soube quem era o herói: Adailson Oliveira (Myko).
Lembro até da roupa que eu usava: um short preto com uma blusa branca de bolinhas pretas. Usava pela primeira vez, estava me sentindo bela. Nunca mais conseguir usar.
Autor(a): BZN