Política

Vereador paulista processa Lula por contrato milionário com empresa de apenas um funcionário

26 SET 2023

Foto: Sede da empresa fotografada pela reportagem do Metrópoles

Corregedor-geral da Câmara Municipal de São Paulo, o vereador Rubinho Nunes (União) escreveu no X que está processando o presidente Lula (PT) pelo “escândalo no Ministério da Saúde. O governo Lula fechou um contrato de R$ 285,8 milhões com empresa de APENAS 1 FUNCIONÁRIO. Além disso, a empresa já é ré por improbidade administrativa. E mais: o governo fez tudo isso SEM LICITAÇÃO. Não vou aliviar para essa farra com dinheiro público!”.


Segundo o site Metrópoles, o Ministério da Saúde contratou a “empresa Auramedi, de Goiás, desconhecida no mercado farmacêutico” e com “apenas um funcionário registrado ao menos até março e capital social de R$ 1,3 milhão” pelo valor “de R$ 285,8 milhões, com dispensa de licitação”.


Detalha: “O acordo, assinado em abril, é para fornecimento de 293,5 mil frascos de imunoglobulina humana, um medicamento hemoderivado, ou seja, produzido a partir do sangue, usado para melhorar a imunidade de pacientes acometidos por uma série de doenças, como síndrome de Guillain-Barré”.


Continua: “O volume de recursos, aliado com o tamanho da chama a atenção. Assim como o nome da companhia que ela representa nacionalmente, a chinesa Nanjing Pharmacare. O contrato é firmado pelo ministério com a asiática, e a Auramedi assina como representante. A Nanjing também é representada no Brasil pela Panamerican Medical Supply, que tem como um dos sócios Marcelo Pupkin Pitta, empresário do ramo que já foi preso na Operação Vampiro, em 2004, e, de novo, em 2007. As investigações apuraram suspeita de fraude em licitação no Ministério da Saúde, justamente em compras de medicamentos hemoderivados, incluindo imunoglobulina”. 


O Metrópoles esteve na sede da Auramedi, sexta-feira (22), e relata que fica numa casa “em um centro empresarial de Aparecida de Goiânia, região metropolitana da capital. Apesar de horário comercial, o local estava fechado. “Um comerciante vizinho ouvido pela reportagem afirmou nunca ter visto movimento na farmacêutica.

Ainda em agosto, a reportagem conversou com um funcionário do centro empresarial – ele atestou que uma funcionária vai, às vezes, à sede da Auramedi, mas, geralmente, para pegar encomendas que ficam na administração. Na internet, a presença da empresa também é ínfima. A Auramedi não tem sequer um site”.


O site informa mais: “A empresa e o único sócio, Fábio Granieri de Oliveira, são réus por improbidade administrativa em uma ação popular no Tribunal de Justiça do Pará. A denúncia, recebida pelo Judiciário, aponta suspeita de fraude em uma contratação, também com dispensa de licitação, durante a pandemia da Covid-19 no município de Parauapebas. Apesar disso, a companhia não tem restrições para participar de licitações ou firmar contratos com o Poder Público.


Um dos elementos no processo é o fato de Fábio ter participado da tomada de preço solicitada pela prefeitura como representante da Auramedi, mas também assinou da mesma forma em uma das outras duas concorrentes. A empresa foi criada em 2013, mas o empresário passou a ser sócio em maio de 2020, ocasião em que a firma saiu de um capital social de R$ 50 mil para R$ 1,3 milhão.


A mudança do quadro societário da Auramedi, com Fábio como único sócio, ocorreu em maio de 2020, três meses depois que a empresa foi dada como pagamento de uma dívida a outras três pessoas. Antes disso, Fábio trabalhou na gigante farmacêutica EMS, segundo informado por ele.


Dados do Portal da Transparência apontam que a Auramedi começou a participar de pregões de órgãos federais de outubro do ano passado para cá e recebeu quantias pequenas para fornecimento de medicamentos, com notas de pagamento de até R$ 6,2 mil.


É do contrato com o Ministério da Saúde que vem o maior valor recebido pela empresa até o momento: R$ 16,5 milhões. Para conseguir o contrato, e antes de receber um centavo, a Auramedi pagou R$ 246,6 mil em um seguro de R$ 14,3 milhões, 5% do valor do contrato, algo que é exigido na legislação”.

Autor(a): BZN



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