17 JUL 2020
O que é relato jornalístico de interesse coletivo e o que é informação politicamente incorreta de divulgação?
As notícias de tragédias são as que mais repercutem e as que mais geram - nesses tempos de comunicação virtual - os tão desejados acessos. São a medida hoje, digamos assim, da importância de um veículo.
Não importa tanto a crebilidade, mas sim o chamado furo. A informação em primeira mão e agora em tempo real. Mesmo que esteja ainda desconfigurada, devido ao tempo impossível de checagem. Vai-se ajustando à medida em que as informações confirmadas vão chegando.
Diferentemente do impresso, o virtual possibilita tal.
Mas, por que esse 'discurso' inicial?
Pois bem, por decisões que venho tomando ultimamente. Na comunicação virtual. Dessa correria com facilidade, e ao mesmo tempo dificuldade.
O que vale uma informação? Ainda faço a opção pela checagem. Mesmo que tenha 90% de certeza do fato. Mas os dados devem ser precisos. Informação, idem.
E sobre tragédia familiar? Minha opção é perder acessos, mas respeitar a dor do próximo. Ou seja, não publicar. A não ser sobre detalhes que os próprios familiares divulgam.
Foi assim no caso dos irmãos Tárcio e Túlio Flor (acho até que apenas eu sabia o nome correto de Tárcio). Foi assim como o caso da tragédia do casal Karenina Rêgo e Luís Henrique Teixeira, ontem (17), em Genipabu. Eu sabia de detalhes, muito antes de ganhar repercussão nas redes. Mas optei por não divulgar. Em respeito à dor que familiares passavam.
Agora
Sobre o caso de ontem, decidi abordar após a mensagem do jornalista e fotógrafo Giovanni Sérgio, irmão de Karenina, enviada a familiares e hoje divulgada pela prima, também jornalista, Emmily Virgílio em seu perfil no Twitter.
Muito para alertar - reforçar - sobre a violência que aumenta contra a mulher. Essa de uma relação abusiva, como descreve Giovanni:
- Esta “tragédia em Genipabu” não foi resultado de uma única briga doméstica, mas, sim, um desfecho trágico de uma relação abusiva.
Uma modalidade atroz e covarde que é o crime de ódio baseado no gênero e na violência contra a mulher no ambiente doméstico. Perdi uma irmã, mulher que por anos foi vítima silenciosa do menosprezo pela condição feminina e que em ato final reagiu ao agressor.
Na nossa dor um alerta para que homens lutem e mulheres reajam a essa brutalidade persistente pautada no ódio em função do gênero.
O tio
Em conversa com Joanilson de Paula Rêgo, tio de Karenina, ele lamentou e comentou, relembrando o irmão Joanilo de Paula Rêgo, pai de Karenina, que foi meu professor de fotografia no curso de Jornalismo na UFRN:
- Lamentávelmente aconteceu o pior. A minha sobrinha, Karenina, - menina dos olhos de Joanilo, em vida - aceitou compor o que alguns estudiosos classificam como “casais trágicos”. A dor é muito grande pela perda e pela forma como aconteceu. Deus é o Supremo Juiz.
Temos
Que tomar iniciativas e decisões cada vez mais efetivas para combater esse mal terrível e essa covardia que acometem mulheres, de todas as classes sociais, de todas as cores, de todas as estaturas. Não é mais possível se admitir que novos números choquem e virem estatísticas. Combater, com a união de todos, é preciso. Rigidez nas leis e nas medidas, idem. Uma forma precisa ser encontrada. Já.
Autor(a): Eliana Lima
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