05 JUL 2020
Uma queda. O fêmur, já cansando dos milhões de ares voados, partiu-se. O hospital foi sua última morada na terra. Logo ele, que viveu nas rodas de glamour.
Os ares eram seu espaço. Suas incontáveis viagens mundo afora afloraram sua imaginação. Ele era pura história. Algumas tão espetaculares, mas contadas com tanta ênfase, que nos fazia acreditar na sensacional viagem imaginária que começou a rondar também o cotidiano dessa figura doce e querida que se chamava Paulo Macedo.
Sua idade sempre foi um enigma. Um pote de mel para quem acertasse.
Agora, na sua partida, dessa para ares infinitos, fala-se em 88 anos.
Com a fragilidade do fêmur quebrado, cirurgia bem sucedida, a tal da covid tratou de tirá-lo de vez entre nós.
Foi-se num domingo silencioso. Como Paulo era para quem lhe fazia desagrado. Não respondia. Nem aproveitava de sua respeitosíssima e lida coluna social no Diário de Natal e O Poti para rebater, provocar, quem quer que fosse.
O silêncio era sua estratégia. Uma espécie de sinônimo da indiferença a que tal qualquer bateu indesejado à sua porta.
Guardo tantas palavras doces de Paulinho. Respeito imenso. Admiração, idem.
O decano do colunismo social que desbravou divisas e fronteiras. Levou o nome do RN ao Brasil e o mundo. Gozava de prestígio em grandes circuitos, sejam políticos, das altas rodas da sociedade, entre os militares das Forças Armadas, entre o mundo dos motores.
Escreveu também sobre uma de suas paixões: carros.
Era convidado de primeira linha para cobrir lançamentos mundo afora dos novos veículos das famosas marcas. Sempre tinha um carro à sua disposição para testar e traçar nas suas bem escritas linhas suas impressões.
Suas bem traçadas linhas e sua imensa influência levaram-no a uma cadeira de imortal da Academia de Letras do RN.
Assim foi e será Paulo Macedo. Imortal.
Daqui, minha saudade.
Autor(a): Eliana Lima